O verão tem mostrado para o que veio. A estação está sendo uma das mais quentes dos últimos anos em Passo Fundo e, no último dia do mês, não deve ser diferente. Nesta quinta-feira (31), a previsão indica temperatura máxima de 34°C. É a terceira temperatura mais a alta registrada no mês de janeiro últimos 19 anos, perdendo apenas para os 35,1°C presenciados em 2005 e os pouco mais de 34°C em 2013, segundo o observador meteorológico da Embrapa Trigo/Inmet, Ivegndonei Sampaio.
Ainda conforme Sampaio, essa tem sido a semana mais abafada do ano, devido aos ventos que trouxeram para a região Sul do país ar quente e úmido. Na última terça (29) e quarta-feira (30), a sensação térmica no município chegou a 38°C. “Não dá para dizer que é atípico, faz parte da característica climática para o mês e já vimos dias mais quentes em outros anos, mas está sim acima da média. A gente observa isso com base na média histórica de temperaturas para os dias de janeiro, que é de 22,1°C, mas que neste ano chegou a 25,1°C. Parece pouco, mas esses três graus de diferença são significativos”, explica.
Outra caraterística que marcou o mês de janeiro foram as chuvas isoladas presenciadas em diversos dias, em todo o estado. Embora chuvas acima da média e temperaturas intensas sejam fatores constantemente associados à atuação do fenômeno El Niño no Rio Grande do Sul, o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, garante que em 2019 ainda não há nenhuma configuração do fenômeno. Inclusive, os 153mm de chuva registrados em janeiro em Passo Fundo estão praticamente dentro da média histórica para o período, que é de 150mm. “Por enquanto, a configuração de atuação El Niño é só uma perspectiva. O último boletim climático, divulgado nessa semana, destaca que há uma chance de se configurar um evento El Niño apenas a partir do outono. Nós ainda estamos em uma situação de neutralidade”.
Em relação às temperaturas e às características climáticas que estão acontecendo, Cunha diz que elas podem ser atribuídas ao tipo de massa de ar que tem dominado a região: nas últimas semanas, o ar de origem tropical está predominante, resultando na elevação das temperaturas. “Nem as temperaturas elevadas e nem as chuvas podem ser associadas ao evento El Niño, uma vez que ele não está configurado”, esclarece. Ainda de acordo com ele, também é preciso considerar que o evento por si só não é capaz de explicar toda a variabilidade do clima gaúcho. “Mesmo que tenhamos observado em algumas regiões do Brasil chuvas bem acima da média, principalmente nos meses de outubro e novembro, existem outros fenômenos de natureza meteorológica que influenciam o clima. Então não é tudo uma questão de ‘chove mais por ser El Niño, chove menos por ser La Ninã’. Existem outros processos meteorológicos”.
Previsão climática
Para os próximos dias, conforme Sampaio, a tendência é de que o calor intenso permaneça até esta sexta-feira, quando as temperaturas devem variar entre 20°C e 34°C. As áreas de instabilidade devem provocar também pancadas de chuva nesta semana. “Da noite de sexta-feira, até a noite de sábado, a entrada de uma frente fria deixa as condições climáticas favoráveis a formações de temporais na região. A notícia boa é o declínio nas temperaturas no sábado à noite. No domingo, a mínima cai para 16°C e a máxima para 21°C. Na segunda a temperatura também indica mínima de 16°C e máxima de 26°C, sem chuva”.