Volume da mochila não deve ultrapassar 10% do peso do aluno

A orientação é para que se utilize mochilas de rodinhas ou modelos que são presos na região lombar, com o peso distribuído nas duas alças

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Má postura, dores e problemas de locomoção podem ser causados pelo excesso de pesoMá postura, dores e problemas de locomoção podem ser causados pelo excesso de peso
Má postura, dores e problemas de locomoção podem ser causados pelo excesso de peso
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Com o retorno do período escolar os pais devem ficar atentos para evitar peso em excesso e ajuste incorreto das mochilas de crianças e adolescentes. A alerta, feita pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot), reforça que uma mochila que pese mais de 10% do peso da criança pode causar problemas não só na infância, mas repercutir na vida adulta quando a coluna passará a apresentar os efeitos do esforço anormal a que foi submetida. Se uma criança pesa, por exemplo, 17 kg, não é aconselhável carregar mais de 1,7 quilos na mochila, já se o peso do adolescente for de 50 kg, a mochila deverá pesar entre cinco e 7,5 quilos.


De acordo com as fisioterapeutas Aline Garbossa e Sabrina Casagrande, da clínica de Fisioterapia Estética e Pilates, em virtude do grande número de adultos acometidos por patologias decorrentes da coluna vertebral, torna-se importante reavaliar maneiras e hábitos relacionados às atividades escolares, o peso transportado nas mochilas, bem como, o modo de transporte e o modelo de mochilas utilizado.“As posturas errôneas adotadas diariamente desde o ensino fundamental podem gerar alterações irreversíveis nas estruturas que compõem a coluna vertebral principalmente os ligamentos e os discos. Essas estruturas apóssofrerem um processo de degeneração no decorrerda vida, não apresentam mecanismos de regeneração”, pontuam.


As mochilas mais indicadas são as de modelo com rodinhas, com o puxador rente às mãos e com ajuste de altura, que além de reduzirem o sobrepeso ea má postura são mais confortáveis. Caso haja algum fator que impossibilite a compra ou o uso dessas mochilas, indica-se as que são presas na região lombar e que o peso esteja distribuído nas duas alças, e não apenas em uma ou somente em um lado do ombro, impedindo assim desvios posturais graves, como a escoliose (curvatura lateral da coluna vertebral). “Outro fator importante é orientar a criança ou adolescente quanto àpostura ao carregar a mochila, para que mantenha a coluna sempre ereta e o abdômen para dentro, para a melhor distribuição do peso no eixo correto do corpo”, ressalta Sabrina.


No momento em que os pais observarem que o filho estiver carregando excesso de peso, o indicado segundo Aline,é conversar com a direção da escola para analisar o que de fato é necessário carregar na mochila diariamente, alémde sugerir que o colégio possa disponibilizar armários para que estes alunos deixem armazenado seu material e peguem apenas o que é de uso diário. Além disso, a atividade física também se torna uma grande aliada nessa situação quando desenvolvida de maneira correta e por um profissional capacitado, permitindo que as crianças e ou adolescentes consigam terconsciência sobre sua postura e coordenação, melhorando sua flexibilidade e mobilidade, sobretudo, o fortalecimento muscular.


Dores nas costas
Para os ortopedistas, o excesso de carga para o organismo e as posturas inadequadas são alguns dos responsáveis pela assustadora estatística levantada pela Organização Mundial da Saúde. A entidade comprovou que 85% da população mundial adulta sente ou já sentiu dores nas costas e 70% dos problemas de coluna na fase adulta tem como causa o efeito cumulativo do excesso de peso e esforço repetitivo na adolescência. “A mochila muito pesada leva a criança a se inclinar para a frente pois faz mudar o ponto de equilíbrio do corpo”, diz o responsável pelas Campanhas Públicas da SBOT, Sandro da Silva Reginaldo, e essa mudança de postura afeta não só os ombros, mas os quadris, joelhos e tornozelos. Uma criança de sete anos, que geralmente pesa em torno de 20 quilos, caso leve uma mochila carregada demais passa a submeter seu organismo à mesma carga que teria se fosse obesa.

O problema do peso das mochilas escolares chegou ao Congresso com o projeto 3.673/15 da Câmara dos Deputados de São Paulo, cujo objetivo é limitar por lei o peso que uma criança pode carregar nas costas. Durante a discussão na Câmara Federal, foi citado o fato de que o estudante universitário, cujo organismo já está formado, proporcionalmente leva para a Faculdade menos livros e material que o estudante de Ensino Fundamental. O tema é tão importante que na França, por exemplo, os livros didáticos são impressos em papel de baixa gramatura, para reduzir seu peso.

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