O bloqueio de 30% sobre os recursos financeiros destinados às universidades federais, anunciado na terça-feira (30) pelo Ministério da Educação (MEC), significará à Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), um déficit de R$ 18 milhões de reais que seriam destinados ao ensino, pesquisa e extensão. Em Passo Fundo, a instituição oferta 62 vagas anuais para o curso de Medicina. Ao todo, a UFFS tem mais de 7 mil alunos de graduação distribuídos em 6 campis.
A decisão, antes restrita à Universidade de Brasília (UnB), à Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal Fluminense (UFF), e justificada pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, como retaliação a supostas atividades políticas classificadas por ele, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, como “balbúrdia” e em detrimento de um baixo rendimento apresentado pelas instituições, embora o Ranking Universitário Folha (RUF) aponte as três universidades no índice das 20 melhores do país, será aplicada também às demais instituições públicas de ensino superior do país, incluíndo os institutos federais.
Para o reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), professor Jaime Giolo, a deliberação da pasta trará um peso maior ao custeio de pesquisa e manutenção no funcionamento dos campus, inclusive em Passo Fundo. “Houve um aumento na rúbrica de outros setores para compensar a ausência de cortes na assistência estudantil. Nós registramos um bloqueio de 37,4% nos recursos”, revelou. De acordo com ele, a resolução do Ministério da Educação já era esperada pelas univeridades federais, porém em um índice de 20% na ausência de repasses financeiros.
“É importante que a sociedade saiba que a educação superior pública deixa de ser prioridade no Ministério da Educação”, avaliou Giolo. O ensino, que no campi Passo Fundo se restringe ao curso de Medicina, não será tão afetado como os projetos de pesquisa e extensão, haja vista os cortes em programas de fomento, como a Capes e CNPq. “Vamos ter que reduzir os nossos investimentos em equipamentos. Isso não quer dizer que vamos parar de funcionar ou que operaremos cortes de forma imediata. Mas aponta para um cenário difícil. Precisaremos, como já fizemos outras vezes, fazer uma ginástica orçamentária para atender as outras demandas de custeio”, afirmou o reitor.
Essa diminuição do impacto à educação superior pública, no município, após a determinação do MEC atribui-se ao que Giolo classificou como “parcerias sólidas da UFFS com os hospitais da cidade”, no ensino da ciência médica. As despesas obrigatórias, conforme assegurou, estão mantidas. “Esse corte atingiu as despesas discricionárias, como fomento à pesquisa e extensão e de monitoria, pagamentos de serviços terceirizados como limpeza e segurança, água, luz, alugueis, despesas com manutenção. Será um baque importante sobre os propósitos da instituição”, ponderou.
Esses cortes orçamentários fazem parte de um contingenciamento anunciado pelo governo federal que gira em torno de R$ 30 bilhões. Desse total, R$ 5,8 bilhões são do MEC.