Há um ano desde a paralisação que provocou uma reação em cadeia no abastecimento nacional, os caminhoneiros devem desligar os motores novamente durante as manifestações agendadas para domingo (26). A alta no preço do diesel e a defasagem no tabelamento do frete geraram uma onda de críticas vindas dos profissionais às resoluções do governo federal.
Sinalizando apoio à gestão do presidente Jair Bolsonaro, as críticas serão direcionadas, sobretudo, ao Congresso Nacional pelos entraves na revisão das políticas de reajuste do combustível e condições de trabalho da categoria.
Há 35 anos vendo a vida se desenvolver na boleia de um caminhão enquanto transporta máquinas agrícolas da cidade de Montenegro para a região Centro-Oeste do país, o caminhoneiro autônomo e representante da classe em Passo Fundo, Ângelo Alérico, conta que, embora não haja uma perspectiva de greve geral semelhante a que deixou as gôndolas de supermercados quase vazias e as bombas dos postos de gasolina operando na reserva, os caminhoneiros voltam às ruas junto a lideranças de redes e movimentos sociais em uma carreata programada para começar nas primeras horas da tarde, na ERS-285.
O deslocamento, segundo Alérico, se dará até o trevo de acesso ao bairro São José em um comboio formado por cerca de 70 profissionais, conforme as previsões dos organizadores. “Nós tentamos de todas as formas amenizar, mas não tivemos nenhuma resolução no cumprimento do piso do frete e no preço praticado para o óleo diesel”, justifica. De acordo com ele, a região do Planalto Médio gaúcho reúne 400 caminhoneiros que transportam cargas diversas em regime autônomo de trabalho. “As empresas têm acabam tendo vantagem maior em relação a nós. Nos é pago o pedágio, incluído no valor do frete, as despesas com o motorista e com o combustível. Mas, a manutenção do caminhã acaba sendo deixada de lado”, afirma Alérico.
Os acordos firmados entre a categoria e o governo do então presidente Michel Temer, para a Associação Brasileira de Caminhoneiros (ABCAM), “se mostraram insuficientes”. “A sugestão é que seja criado um fundo de estabilização dos preços, a partir do imposto de exportação para o petróleo bruto, que somente será cobrado no caso de lucros exorbitantes das empresas petrolíferas, em razão de altos preços do petróleo”, afirmou a entidade por meio de nota publicada em 24 de maio, data em que representantes da classe se reuniram com membros da Casa Civil para discutir os preços praticados pela Petrobrás.
Os atos pró-governo estão previstos para começar às 15h, em Passo Fundo, quando os manifestantes irão se concentrar na Praça da Mãe. Na pauta, a defesa da Reforma da Previdência e a aprovação do pacote anti-crime, apresentado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, deverão nortear os discursos.