Comemorado anualmente no dia 5 de junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente reacende discussões públicas acerca de pautas como os hábitos de consumo humano e suas consequências para a natureza. Entre os principais problemas enfrentados atualmente, estão a produção massiva de lixo ao redor do mundo e a emissão de gases de efeito estufa. Somente no território brasileiro, de acordo com um estudo realizado pelo Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, cada habitante produz mais de 1kg de resíduo por dia. Pensando em diminuir este impacto ambiental, uma startup israelense lançou uma máquina capaz de transformar o lixo orgânico doméstico em gás de cozinha e biofertilizante. O chamado biodigestor, desenvolvido pela Homebiogas, ainda é novidade no Brasil. Suas primeiras instalações aconteceram em julho do ano passado e, agora, começam a chegar em Passo Fundo. Conforme o representante passo-fundense da startup, o ambientalista Carlos Eduardo Sander, três escolas municipais já manifestaram interesse em adquirir o aparelho e aguardam apenas o processo de licitação. O aparelho custa, em média, R$ 6 mil.
O HomeBiogas é uma unidade compacta que, quando montada, tem cerca de 2,4m de comprimentos e 1,4m de altura. De maneira resumida, a estrutura é composta por uma entrada que recebe a matéria orgânica, uma câmara de digestão onde esse resíduo é decomposto por bactérias, um reservatório que armazena o biogás produzido e uma saída para o fertilizante. Todas as peças do equipamento vêm em uma caixa e podem ser montadas por qualquer pessoa, com a ajuda de um manual de instruções. Depois que a estrutura está pronta, é necessário ainda encher a câmara com água e adicionar uma cultura de bactérias que é enviada pelo fabricante. São essas bactérias as responsáveis por decompor os resíduos e transformá-los em biogás. O equipamento precisa apensar de luz solar para funcionar e, por isso, o ideal é mantê-lo em uma área externa onde possa receber o calor do sol. A manutenção também é bastante simples: basta, a cada três anos, remover o lodo que fica acumulado no fundo do tanque digestor e, uma vez por ano, trocar o filtro de gás.
Assim que é ativado, o biodigestor pode receber diariamente até 12 litros de resíduos de qualquer tipo de comida ou até 40 litros de esterco animal. É possível, ainda, acoplar o equipamento a vasos sanitários, para que o biodigestor receba as fezes e urinas do banheiro residencial e as transforme em gás. A unidade pode armazenar até 700 litros de biogás. “Logo que é instalado, ele pode levar cerca de duas semanas para começar a produção, mas depois disso a produção acontece sozinha e de maneira diária, você só precisa continuar descartando os resíduos orgânicos ali. A família pode conectar o tanque à cozinha e usar o gás no fogão. Ele consegue manter uma carga de até três horas de abastecimento de gás em fogo alto. Então, ao mesmo tempo que você diminui o montante de lixo que vai para aterros, você também economiza porque deixa de se preocupar com a compra de botijões de gás. É algo autoalimentável”, explica Sander.
Militante pela causa ambiental desde 1980, Sander lamenta que a iniciativa ainda tenha poucos adeptos no município, mas vê com otimismo o interesse de escolas municipais. “É uma forma de conscientizar as novas gerações e mostrar que existem alternativas mais sustentáveis. Ele é um meio inteligente de enfrentar o problema de poluição do planeta e o aquecimento global porque, se você encontra uma maneira de reaproveitar a matéria orgânica que produz e evitar que ela vire simplesmente lixo, já diminui um pouco o problema. No biodigestor, pode-se descartar até uma tonelada de resíduos orgânicos por ano e, consequentemente, eliminar a emissão de seis toneladas de gás metano. Sem falar que evita a produção de chorume e o líquido descartado pode ser usado como fertilizante para plantas”.
Ainda segundo ele, além de utilizar o biodigestor para o descarte dos materiais orgânicos produzido na cozinha dos refeitórios escolares, a intenção dos educandários é aproveitar o equipamento para estudos nas disciplinas de Biologia e Química. O ambientalista garante que o equipamento é extremamente seguro e pode ser manuseado até mesmo por crianças.