Um novo procedimento para o tratamento da dor foi realizado pelo Corpo Clínico do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo na última semana. A técnica utilizada, pelo neurocirurgião Dr. Diego Cassol Dozza, foi a implantação de um neuroestimulador medular chamado Intellis.
Conforme Dozza, a indicação desse procedimento é para pacientes que apresentam dor neuropática, como a que ocorre na hérnia de disco, permanência de dor após cirurgia de coluna e nas chamadas dores mistas. “A função do neuroestimulador é criar um bloqueio da dor através do mecanismo de “gate control”, ou seja, cria um estímulo como se fosse um formigamento ou pressão que faz com que a dor seja “mascarada””, explica o especialista, evidenciando que a técnica é utilizada no momento em que ocorre falha do tratamento clínico com medicações e fisioterapia. “Utilizamos a técnica quando não há uma causa cirúrgica específica que necessite ser corrigida. Os benefícios são poder realizar várias programações através de um “tablet” (programador) sem ter que reintervir no paciente, ocorrendo através de uma comunicação Wifi”.
O procedimento foi realizado pela primeira vez no Hospital São Vicente, pelo neurocirurgião, com o auxílio do ortopedista especializado em dor, Dr. Nilvio Severo, que veio de Porto Alegre a convite de Dozza, já que é um dos cirurgiões com maior experiência no assunto e também, participou de um MiniMeeting com médicos e fisioterapeutas para difundir e discutir a nova tecnologia. “Após o procedimento nos reunimos com outros profissionais para explicar e falar sobre os benefícios, aplicação e resultado do procedimento”.
Sobre o neuroestimulador Intellis, Dozza ressalta que este tem uma tecnologia inovadora que se adapta ao movimento da pessoa, trazendo maior conforto e menos necessidade da troca de programação para cada posição adquirida, como ocorria nos modelos anteriores. “A recuperação do procedimento é rápida, podendo receber alta em um ou dois dias. Logo após o término da cirurgia o gerador Intellis é ligado e mantido em um protocolo inicial de funcionamento. Posteriormente é realizado um mapeamento do paciente para saber qual o melhor programa a ser utilizado. Isto é individualizado e trocado sempre que necessário”, esclarece.
Ainda, o controle da dor do paciente é também auxiliado através da geração de relatórios que o gerador implantado envia ao médico, de modo, a mudar de uma dor subjetiva para um controle e gerenciamento objetivo da dor.
Esperança de vida melhor
Adriana Beatriz Walker, 45 anos, convivia diariamente com a dor. Em 2017 ela realizou uma Artrodese (fixação cirúrgica de uma articulação), mas continuou com dor crônica, o que impossibilitou de voltar a trabalhar e também caminhar. “Minha qualidade de vida diminui muito. Eu tomava remédios para dor diariamente, não podia caminhar, ganhei peso e não podia trabalhar. Aí surgiu a opção desse procedimento que me deu esperança”, relata Adriana, que recebeu alta nesta quinta-feira, 13 de junho, um dia e meio após a cirurgia. Mesmo recente, ela disse que já sentiu alguns benefícios do procedimento. “Não senti mais a dor da coluna desde então. Claro, ainda tem a recuperação da cirurgia, mas estou muito confiante que vou poder voltar a caminhar e ter mais qualidade de vida”, comenta esperançosa.