Vigilância mais intensa e campanhas de alerta sobre os riscos da peste suína africana (PSA) são algumas das medidas tomadas pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) para evitar a introdução da doença no Rio Grande do Sul. Considerada exótica no Brasil, ela está dizimando rebanhos na Ásia, principalmente na China, país que registrou os primeiros focos no segundo semestre de 2018. “Estamos monitorando este tema com atenção, pois a sanidade de nosso rebanho é vital para a economia gaúcha”, avalia o secretário Covatti Filho.
“As ações desenvolvidas pela secretaria para evitar a introdução da PSA compreendem a intensificação da vigilância em criações de maior risco e a revisão em lixões para identificar a presença de suínos nestes locais”, afirma a coordenadora do Programa Estadual de Sanidade Suídea, Juliane Galvani. Também há fiscalização, efetuada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), de passageiros, bagagens e resíduos de bordo de aeronaves e embarcações, já que podem incluir material contaminado do Exterior.
A principal recomendação para os produtores de suínos, destaca Galvani, é a adoção dos princípios de biosseguridade nas granjas e nos criatórios, principalmente no que se refere a evitar as visitas e o contato de pessoas com os suínos. Outro cuidado importante é não fornecer restos de alimentos (de restaurantes, de hospitais ou da própria casa) para os suínos, pois o vírus pode ser transmitido por meio de alimentos contaminados, assim como ocorreu em 1978 em uma propriedade rural de Paracambi (RJ).
O Rio Grande do Sul está com uma instrução normativa em análise, aguardando parecer jurídico para sua implementação, que busca regrar a efetivação na adoção da biosseguridade em granjas comerciais de suínos, de modo que os riscos para doenças que ataquem os suínos sejam minimizados.
A PSA é causada por um vírus e não há vacina contra a doença. Ela não pode ser transmitida aos seres humanos. Os principais sinais clínicos compreendem lesões hemorrágicas em tecido cutâneo e vísceras. É uma doença de notificação obrigatória aos órgãos oficiais nacionais e internacionais de controle de saúde animal. O Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína do mundo.
Sensibilidade para PSC
O Rio Grande do Sul tem uma avaliação de sensibilidade para peste suína clássica (PSC) no seu sistema de vigilância de 91%. O dado é de um estudo publicado em 2018 pela pesquisadora Ana Lourdes Mota, da Universidade de Brasília (UnB), e mostra que existe nível alto de confiança na certificação e na eficácia das medidas tomadas pela Seapdr.
O Rio Grande do Sul foi um dos primeiros Estados a serem reconhecidos nacionalmente como livre da PSC. O Estado registrou o último foco em 1991. Em 2015, junto com Santa Catarina, foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre internacionalmente de PSC. Os focos registrados no Ceará e no Piauí no início deste ano preocupam e exigem atenção redobrada de todos os envolvidos.
“As ações adotadas pela secretaria para manter o status de livre internacionalmente de PSC são baseadas nas legislações vigentes e compreendem a vigilância tanto epidemiológica quanto sorológica no rebanho suíno gaúcho”, afirma Juliane Galvani.