Sair da sala de aula e levar a ciência até a comunidade é um desafio para todo o cientista. Aproveitando uma recomendação vinda do CNPq, dentro do Programa Ciência na Escola - Ensino de Ciências na Educação Básica, bolsistas do Programa de Pós-Graduação em Bioexperimentação da Universidade de Passo Fundo (PPGBioexp/UPF) estiveram na Escola Municipal de Ensino Fundamental Pantaleão Thomaz, de Coxilha. Na oportunidade, eles conversaram com as crianças sobre cuidados básicos de saúde e higienização. O objetivo foi mostrar a importância da saúde pública e desmistificar a ciência, apresentando ela no dia a dia.
Segundo o mestrando Lucas Soveral, a atividade teve início com uma palestra sobre higienização de mãos e cuidados básicos de saúde. Em seguida, a equipe aplicou um reagente nas mãos das crianças para que elas pudessem ver os microrganismos presentes. “Levamos os estudantes até o lavatório e demonstramos como deve ser feita a lavagem correta das mãos. Eles lavaram as mãos um a um, da forma como orientamos. Em seguida, repetimos a demonstração com o mesmo reagente e eles puderam ver a diferença entre o antes e o depois da lavagem correta das mãos. Orientamos então que eles passassem essas informações para os membros da família”, ressalta, destacando que, no final da atividade, as crianças receberam uma carteira de habilitação do "bom lavador de mãos", adesivo de participação na atividade e um pequeno frasco de álcool gel.
Soveral avaliou como positiva a primeira intervenção realizada pelo projeto. Para ele, é fundamental levar até a sociedade orientações sobre saúde. “A lavagem correta das mãos pode evitar a contaminação com patógenos, diminuindo a ocorrência de doenças como: gripe, infecções gastrointestinais, entre outras. Outro ponto positivo é informar o aluno sobre a presença constante de microrganismos ao nosso redor e como eles devem proceder para diminuir o risco de contaminação. No meu ponto de vista, colocar essa noção básica da existência de microrganismos para as crianças pode, além de evitar a ocorrência de doenças, também fazer com que a criança amplie a sua visão sobre o meio ambiente e as interações com os outros seres vivos”, pontuou.
De acordo com Natália Freddo, mestranda do PPGBioexp, a campanha contou com a parceria do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital São Vicente de Paulo, o qual forneceu as carteiras de habilitação que foram entregues aos alunos. Para ela, a ação foi gratificante. “Levar conhecimento para fora da sala de aula de forma lúdica é algo que pode transformar a nossa comunidade. As crianças são o futuro e por isso é tão importante atividades de extensão como essa que desenvolvemos. Foi muito legal, as crianças interagiram fortemente”, destacou.
Natália ressalta que a equipe pretende realizar uma atividade de extensão por mês a partir de agora, abordando diferentes temas interdisciplinares e importantes para a comunidade, como contaminação ambiental, descarte incorreto de medicamentos, zoonoses, vacinação, toxoplasmose, entre outros temas, todos tendo como foco a "ciência na escola".
A ciência mais perto das pessoas
Coordenador do Programa, o professor Dr. Luiz Carlos Kreutz também acompanha as atividades do grupo, que conta com outros mestrandos. De acordo com ele, os estudantes vislumbraram no projeto uma possibilidade de interagir e levar para as crianças um pouco de ciência, com temas mais simples, mas fundamentais para a rotina do cotidiano.
Para Kreutz, o projeto pode despertar o interesse da investigação/pesquisa nas crianças, ao mesmo tempo em que se desperta para assuntos relacionados à saúde pública, ou questões fundamentais das ciências da vida. “O projeto está ainda em fase de construção e essa primeira intervenção vai nos auxiliar a aperfeiçoar o tema e buscar novos assuntos a serem discutidos e apresentados nas próximas escolas. Todos os temas têm interface entre pesquisa, saúde, meio ambiente, animais e assim por diante”, explicou.
De acordo com ele, o Programa tem diversos estudos sobre a presença de resíduos de medicamentos nas águas e do impacto que isso causa no comportamento de peixes, além de estudos sobre o impacto de pesticidas agrícolas na saúde de peixes. Dessa forma, o grupo de alunos, composto por farmacêuticos, biomédicos, veterinários e biólogos, consegue dar uma visão geral e extremamente precisa sobre o impacto da contaminação ambiental.
Para Kreutz, o projeto é fundamental para os mestrandos, pois os aproxima das pessoas das comunidades e lhes permite levar um pouco dos seus trabalhos até um público que adora novidades, somando a isso a possibilidade de suprir alguma necessidade de escolas municipais e estaduais que não têm a oportunidade de ver ou discutir alguns aspectos da ciência e da pesquisa que são desenvolvidas na própria região. “Para o PPGBioexp, a ação é importantíssima, pois permite melhor inserção na comunidade, o que é sempre uma dificuldade para um pesquisador. Assim, por intermédio dos mestrandos e logo dos doutorandos, o Programa se aproxima e coopera na formação de futuros cientistas”, frisou, ressaltando que, com as inserções, a equipe poderá identificar necessidades que eventualmente se tornarão objeto de estudo.