Se há 50 anos o homem se lançou à Lua através do voo especial tripulado norte-americano Apollo 11, no mesmo 16 de julho em que os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin colocaram os pés na superfície lunar pela primeira vez, porém em 2019, os olhos se voltaram ao céu novamente para observar o último eclipse lunar do ano.
O fenômeno astronômico parcial foi contemplado por moradores dos estados brasileiros e de algumas províncias argentinas e chilenas. Na África, Europa, Ásia e Oceania também houve registro de visibilidade do eclipse lunar, no entardecer de terça-feira. Por cerca de 1 minuto e 52 segundos, o satélite natural se cobriu pela penumbra projetada pela sombra da Terra, durante o alinhamento dos astros, como explica o físico e professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Alisson Cristian Giacomelli. “O eclipse é observável com mais ou menos intensidade por diversos fatores atmosféricos e conforme a posição em que se encontram a Lua, a Terra e o Sol durante o fenômeno. A poluição também interfere no índice de visibilidade que temos”, menciona.
Último eclipse lunar do ano, desta vez, o astro iluminado não adquiriu tons avermelhados como aconteceu no primeiro fenômeno, em 21 de janeiro, com a “Lua de Sangue”. “Como não é eclipse total, mas parcial, a Lua está passando pelo cone de sombra terrestre e depende muito da posição em relação ao Sol”, esclarece Giacomelli.
Visível a olho nu, os eclipses lunares não necessitam, segundo o físico, de uma proteção especial para a observação. As precauções, porém, são indispensáveis quando ocorre os eclipses solares. “A radiação, nos eclipses das Lua, é de baixa intensidade. Já no Solar é perigoso olhar sem algum filtro especial porque há concentração maior de radiação que pode causar danos irreversíveis no organismo”, alerta.
Fenômenos astronômicos em ano de marcos científicos
O eclipse lunar parcial foi observado na mesma data em que a comunidade científica internacional vibrou com a chegada do homem à Lua, em 1969. Além da celebração cinquentenária da missão espacial Apollo 11, o ano de 2019 também é simbólico pelo centenário de comprovação da Teoria da Relatividade Geral, elaborada pelo físico teórico alemão Albert Einstein. Há 100 anos, duas expedições inglesas se lançaram para observar o fenômeno astronômico de eclipse total do Sol, em 1919. “Elas [as expedições] se desenvolveram na cidade de Sobral, no Ceará, e na África”, especifica o professor de Física da UPF, Alisson Cristian Giacomelli. A partir do bloqueio do brilho solar, se tornou possível observar os demais astros próximos ao Sol, cujos raios atravessariam o espaço-tempo distorcido pela gravidade, conforme Einstein havia sugerido em tese.
E o terraplanismo com isso?
De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Instituto DataFolha, no início do mês de julho, 7% da população brasileira acredita que o formato da Terra é plano. Em linhas gerais, 11 milhões brasileiros alimentam a crença que contraria os estudos milenares que apontam a esferidade terrestre. Giacomelli atesta que, caso viável, a teoria terraplanista não conseguiria, por exemplo, explicar o fenômeno astronômico observado nesta semana. “A gente considera que há uma órbita e é difícil conceber a órbita em um formato plano. As pessoas que não tem conhecimento científico acredita”, avalia.