Uma proposta para utilizar a visão computacional no auxílio ao monitoramento e tomada de decisão no manejo de epidemias transmitidas por insetos que se alimentam da seiva das plantas ingressou na fase de aprimoramento por meio de uma parceira firmada entre a Embrapa Trigo e a Universidade de Passo Fundo (UPF).
A plataforma integrada AphidCV, apresentada no ano passado pelo egresso do Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada (PPGCA), Elison Alfeu Lins, a partir da investigação científica “Plataforma integrada para monitoramento, simulação e tomada de decisão no manejo de epidemias causadas por vírus transmitidos por insetos”, cooordenada pelo pesquisador da Embrapa, Douglas Lau, permite automatizar a contagem, a classificação e a mensuração desses insetos, conhecidos como pulgões, que antes era feita manualmente em um processo cansativo e sujeito a problemas de precisão.
O processo de criação do software contemplou o uso de técnicas de processamento de imagens e deep learning, aplicação que permite aos computadores realizar tarefas como seres humanos, o que inclui reconhecimento de fala, identificação de imagem e previsões, para automatizar o processo de análise de placas com os invasores das lavouras. “Nessa primeira versão, nós desenvolvemos um software que identificava o Rhopalosiphum padi, uma espécie de pulgão considerada um dos principais vetores do nanismo-amarelo, virose que em média reduz em 20% o potencial da cultura do trigo. Depois de processar as imagens, ele gera relatórios com o número de afídeos, classificação e morfometria de cada indivíduo da amostra”, explica o professor da UPF, Rafael Rieder.
Nova versão
O desenvolvimento dessa plataforma envolve o trabalho conjunto de pesquisadores da Embrapa Trigo, UPF e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Riograndense (IFSul), campus Passo Fundo. A intenção dos profissionais é disponibilizar o recurso científico aprimorado até o final do próximo ano "com quatro espécies sendo identificadas, contadas e classificadas", como menciona Reider.
Quando finalizado, o AphidCV 2 deverá estar disponível para que outros institutos de pesquisa tenham acesso ao software. “Estamos trabalhando em uma versão em inglês para permitir seu uso de maneira universal, em outros países e por outros institutos internacionais de pesquisa. Nós já tivemos contato com pesquisadores do Rothamsted Research, no Reino Unido, além de uma empresa alemã, que demonstraram interesse em utilizar a plataforma. É uma porta aberta para o projeto avançar não somente no âmbito acadêmico, mas também na parte de indústria. Logo poderá ser um produto usado no mercado de defensivos, no mercado agrícola”, frisa o professor.
Além da programação aplicada à agronomia, o dispositivo atua focado no treinamento da Inteligência Artificial, buscando uma maior precisão na classificação dos afídeos.