O número de famílias passo-fundenses beneficiárias do Bolsa Família aumentou em Passo Fundo nos últimos cinco anos. De acordo com dados do Ministério da Cidadania (MC), em setembro deste ano, 4.467 famílias usufruíam do benefício no município, em comparação com 3.378 famílias no mesmo período de 2014. O crescimento de 32,2% vai na contramão do índice observado a nível estadual. No Rio Grande do Sul, o número de auxílios cedidos pelo governo através do programa é o menor em quatorze anos: no último mês, 338.069 famílias possuíam cadastro ativo como beneficiárias. Em comparação com o ano de 2006, a redução é de mais de 110 mil famílias.
Ainda de acordo com o relatório do MC, entre os beneficiários do Bolsa Família – que atende famílias com renda per capta mensal entre R$ 89,01 e R$ 178 – estão mais de duas mil famílias passo-fundenses que, sem o programa, estariam em condição de extrema pobreza. O benefício médio repassado para cada uma delas foi de R$ 182,05. Conforme o secretário de Assistência Social do município, Wilson Lill, o aumento na concessão do auxílio pode ser atribuído ao cenário de crise econômica que o país tem enfrentado nos últimos anos. “Basta olharmos os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles dão conta de que houve um aumento no número de desempregados. Hoje são mais de 12 milhões de pessoas nessa situação e, muitas delas, passaram a necessitar do Bolsa Família”, observa.
Para o secretário, o dado estadual que aponta a queda no número de beneficiários não tem relação com o aumento na renda de famílias que antes viviam em situação de extrema pobreza. “Em reuniões que fazemos constantemente com representantes de todo o Estado, o que tenho observado são gestores de diversos municípios gaúchos dizendo que a pobreza cresceu assustadoramente. Em Passo Fundo, a gente nota vários movimentos que indicam o mesmo: mais pessoas têm esperado para entrar no Bolsa Família e mais famílias estão vindo pedir alimentos aqui na SEMCAS”, comenta.
Neste cenário, no ponto de vista de Lill, a desatualização cadastral e o não-atendimento às condicionalidades do programa é o que pode ter feito com que o Bolsa Família auxilie, atualmente, um menor número de gaúchos. Entre as condições exigidas às famílias que ingressam no programa, está a manutenção de frequência escolar mensal mínima para crianças e adolescentes e a vacinação de crianças menores de sete anos. “Quem não cumpre esses compromissos, perde o benefício. Além disso, o governo federal realizou, há pouco tempo, um pente-fino em todos os inscritos no Cadastro Único para tentar combater fraudes. O que acontece é que, como o cadastro é feito pelo próprio candidato, parte da população prestou informações inverídicas para se encaixar no público-alvo do programa. Quando o governo realizou o cruzamento de informações com suas bases de dados, muitos desses cadastros irregulares foram descobertos e sofreram cortes”, explica o secretário.