O dia nem havia amanhecido quando o jovem Cleiton Definski escutou o alarme do celular vibrar. Morador do bairro Valinhos, ele conta ter acordado às 5h da manhã de sexta-feira (18) para ser um dos primeiros a chegar à agência da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS/Sine) para, quem sabe, sair de lá com a vaga do primeiro emprego garantida.
Aos 18 anos de idade, ele apostou na 6ª edição do programa Empregar RS, promovido pela entidade em todo o estado gaúcho, para iniciar a colocação no mercado de trabalho. "Eu cheguei aqui às 6h30min, mais ou menos", diz enquanto as pessoas iam formando uma fila a perder de vista, que dobrava o quarteirão em rostos predominantemente de pessoas de meia-idade. Nas cerca de duas horas aguardando em pé, desde a chegada até a abertura das portas da agência às 8h30min, Cleiton projetava algumas pretensões. "Eu terminei o Ensino Médio e penso em estudar alguma coisa. Elétrica, talvez", especifica.
As 200 vagas de emprego direto nos setores secundários, como operador de produção em empresas, e terciário, na área de bens e serviços, como auxiliar administrativo, motorista, cozinheiro e auxiliar mecânico, atraiu, em média, duas mil pessoas para que os intermediadores pudessem realizar a captação de dados cadastrais e orientação profissional, como explica o coordenador do FGTAS/Sine de Passo Fundo, Sérgio Ferrari. "A nossa função principal, além de encaminhar seguro-desemprego e carteira de trabalho, é intermediar mão-de-obra. Nós crescemos com o Empregar porque essa é a edição com o maior número de vagas", afirma. A iniciativa estadual, que no ano anterior empregou 150 profissionais na cidade, é desenvolvida desde 2015 quando o índice de desemprego superava 10 mil pessoas.
A qualificação como propulsão
A ordem de chegada, no entanto, não era garantia de efetivação. Além das vagas de emprego, docentes e profissionais atuantes na 7ª Coordenadoria Regional de Educação (7ªCRE) instruíam as pessoas para a conclusão do ensino básico, fundamental e médio. "O trabalhador, muitas vezes, porque é serviço e é comércio, não se qualifica", avalia Ferrari. "O trabalho devolve a dignidade ao ser humano e leva o sustento para as famílias", enfantizou ao microfone durante a fala de boas-vindas aos postulantes. De acordo com ele, a taxa de pessoas sem ocupação laboral, em Passo Fundo, varia entre 5 a 7 mil. "As empresas querem gente comprometida", frisou. "Se você é qualificado, vai voltar", continua referindo-se à recolocação no mercado de trabalho que, localmente, emprega 59 mil pessoas com carteira assinada distribuídas em postos diversos em 16 mil empresas registradas no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).
Assim como o jovem Cleiton, o montador de máquinas agrícolas, Éder Alberto, acordou cedo para se juntar na busca pelo emprego. Morador do bairro São Luiz, ele não consegue uma colocação efetiva nos postos de trabalho desde 2015. "Há um mês eu comecei um serviço, mas no corte de gastos acabei mandado embora", relata. Aos 37 anos e com a escolaridade fundamental incompleta, ele menciona pensar em retomar a formação educativa. "Está sendo difícil encontrar trabalho na minha área", desabafa.
A feira, com explica ainda o coordenador do FGTAS/Sine, oferece uma empregabilidade automática. "Algumas empresas estão aqui fazendo as entrevistas, mas nós fazemos o cadastro e enviamos para os empregadores", reitera.