O câncer de próstata é a neoplasia maligna mais comum nos diagnósticos oncológicos masculinos. Os homens com ascendência africana, no entanto, têm o dobro de probabilidade de desenvolver a doença, se comparado aos pacientes das demais raças.
O fator biológico é apontado como a principal justificativa para a incidência, como comentou a médica oncologista do Hospital de Clínicas de Passo Fundo (HC), Julia Pastorello. Só no último ano, 130 novos casos foram diagnosticados pelos médicos urologistas do corpo clínico em homens residentes nas cidades de abrangência da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde (6ª CRS). Até o mês de outubro, 320 pacientes do sexo masculino iniciaram o tratamento para o combate ao câncer de próstata no HC. “A genética tem um fato importante e os casos estão de acordo com a literatura. A prevalência também é parecida com o resto do mundo em homens na faixa etária dos 50 anos”, ponderou.
Assintomático, como explicou a médica, o câncer de próstata acomete o lado de fora da glândula e se comporta com uma tendência à metástase – migração das células cancerosas para outras regiões do organismo humano – óssea. No Rio Grande do Sul, 6.210 novos diagnósticos foram realizados no último período analisado, de 2018, conforme estima o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Em pacientes do sexo masculino, a próstata foi primeira região de localização primária de tumores.
Melanina
O sinal de alerta, porém, é acionado duas vezes quando o paciente é negro. Isso porque, como mencionou a oncologista, eles estão mais suscetíveis ao desenvolvimento do tumor. “A região glandular é maior e os homens de raça negra possuem um nível de testosterona mais elevado”, explicou. A consulta com um urologista, para eles, também inicia mais cedo. De acordo com a médica, os homens de raça negra são submetidos aos exames preventivos aos 45 anos. “Os sintomas, geralmente, se manifestam em um estágio mais avançado da doença com a perda de peso e sintomas urinários, como jato fraco de urina”, alertou.
Para investigar o câncer de próstata são realizados duas avaliações clínicas, como citou ela: a de toque retal, onde é possível analisar o tamanho, a forma e a textura da próstata, e o Antígeno Prostático Específico (PSD). Para confirmar uma suspeita sinalizada pelos dois testes, é feita uma biópsia, que consiste em analisar pequenos pedaços da glândula. “Também é possível fazer uma ressonância da próstata, semelhante ao procedimento de mamografia, mas não é suficiente”, diz a médica.
Uma campanha global
Essa tipologia cancerosa, para além das salas de consultório, é o norte da campanha Novembro Azul, promovida pela Sociedade Brasileira de Urologia, iniciada no primeiro dia do mês alusivo. O câncer de próstata, segundo a organização, é a causa de morte de 28,6% da população masculina que desenvolve neoplasias malignas. Com o intuito de estimular a população masculina a superar o tabu e a mística em torno da masculinidade quando o assunto é colocado em pauta, o Hospital de Clínicas de Passo Fundo, como destacou a oncologista da unidade hospitalar, Julia Pastorello, vai promover uma sequência de palestras educativas médicas com pacientes e corpo clínico sobre os cuidados à saúde do homem.