Desde novembro do ano passado, os bebês recém-nascidos na rede pública de saúde de Passo Fundo não são imunizados contra a difteria, o tétano, coqueluche, hepatite B e meningite depois que os postos de saúde locais zeraram os estoques da vacina pentavalente, que protege os pequenos contra essas enfermidades.
A combinação das cinco imunizações em apenas uma está prevista na rotina do Calendário Nacional de Vacinação, mas o abastecimento apresenta um comportamento irregular desde fevereiro de 2019, quando a Vigilância em Saúde registrou a primeira baixa nas reservas da vacina. A explicação para a insuficiência nas doses de imunização, segundo a secretária substituta de Saúde de Passo Fundo, Caroline Gosch, acompanha o cenário nacional que está condicionado aos repasses da pentavalente pelo Ministério da Saúde. “A única possibilidade é aguardar que o Ministério envie mais doses”, disse ela, à frente da pasta de forma provisória em detrimento do período de férias da titular da Secretaria Municipal de Saúde, Carla Gonçalves, na manhã de segunda-feira (06).
O abastecimento da vacina pentavalente, conforme alegou o Ministério da Saúde, está parcialmente suspenso em todo o país desde julho do ano passado porque os lotes foram reprovados no teste de qualidade realizado pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “A compra de 6,6 milhões de doses começou a chegar de forma escalonada em agosto no Brasil”, justificou o órgão público. A previsão de normalização, ainda segundo o Ministério, era para o mês de novembro, período no qual os postos de saúde do município receberam as últimas doses. “O cálculo das imunizações é feito a partir da quantidade de nascimentos na cidade”, explicou Caroline.
Mais de 200 bebês imunizados a cada mês
Com uma média entre 250 a 270 novos bebês nascidos no município a cada mês, a Secretaria recebe lotes de 400 doses mensais da vacina. Em agosto e outubro do ano passado, no entanto, foi recebido a metade das aplicações necessárias; índice que chegou aesvaziar o estoque dos postos locais em setembro. Os repasses da vacina são considerados insuficientes para suprir as três aplicações necessárias às crianças ao completarem 2, 4 e 6 meses de idade.
A imunização pentavalente, de acordo com o Ministério da Saúde, era adquirida de uma empresa indiana, Biologicals E. Limited, e foi interrompida pela Organização Mundial da Saúde/OPAS, que pré-qualifica os laboratórios, pelas reprovações nos testes de qualidade. “O Ministério da Saúde solicitou a reposição do fornecimento à Opas. No entanto, não há disponibilidade imediata da vacina pentavalente no mundo. Por se tratar de um imonubiológico diferentemente dos medicamentos sintéticos, a vacina não tem disponibilidade imediata. Portanto, embora haja recursos para aquisição, o recebimento efetivo pelo Brasil depende do processo de fabricação e testagem”, prosseguiu a nota divulgada pelo órgão nacional de saúde ainda em setembro do ano passado. Com uma demanda mensal de 800 mil doses, em escala nacional, o Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fazer uma busca ativa pelos nascidos que completaram dois, quatro ou seis meses de idade entre os meses de agosto e novembro para vaciná-los.