Chuva eleva nível da barragem da Fazenda

Na última semana, o reservatório chegou a estar 45 centímetros abaixo do vertedouro. Com a chuva de sexta (10), a barragem está 20 cm abaixo do nível

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No Estado, o milho colhido tem produtividade variada em razão da falta de chuvaNo Estado, o milho colhido tem produtividade variada em razão da falta de chuva
No Estado, o milho colhido tem produtividade variada em razão da falta de chuva
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A chuva da última semana recuperou 25 centímetros no reservatório da barragem da Fazenda da Brigada. Foram registrados 77 milímetros da madrugada até a noitede sexta-feira (10), em Passo Fundo. Na quinta, o reservatório estava 45 centímetros abaixo do vertedouro. Porém, a barragem continua 20 cm abaixo do normal. Cada dia sem chuva representa uma queda. A barragem da Fazenda abastece 60% da cidade. Os outros 40% são abastecidos pela barragem do Miranda. 

O abastecimento segue normal, mas nestas situações, a Corsan passa a monitorar constantemente os reservatórios. Em situação emergencial, a Corsan dispõe de outras duas alternativas para manter o abastecimento de água por um período mais longo: a primeira é a transposição do Rio Jacuí e a segunda, a transposição do lago da Pedreira. Ambas foram utilizadas na estiagem de 2012 e estão com equipamentos instalados.
No interior de Passo Fundo, as 22 famílias da comunidade Santa Terezinha, do Distrito Bom Recreio, passaram por racionamento de água na última semana. Neste período, o consumo foi estipulado em 20 mil litros por dia.Dez mil litros de manhã e o restante à tarde. Quando a prefeitura providenciou um caminhão pipa para garantir o abastecimento, a chuva normalizou o nível de água do poço artesiano. De acordo com o Secretário do Interior, AntonioBortolotti, este foi o único registro de racionamento. Ao total, são seis distritos abastecidos por 32 poços artesianos públicos.

Lavouras
Nas lavouras, a chuva amenizou pouco. Conforme o observador meteorológico da Embrapa Trigo, Ivegndonei Sampaio, a chuva foi mal distribuída e localizada, o que fez com que chovesse mais de 100 milímetros em alguns pontos e chovesse menos em outros. Até o momento, já choveu 101 mm. A média de janeiro é de 150 mm.
Além disso, em dezembro e novembro registraram chuvas abaixo da média. No último mês, foram 48 milímetros. De acordo com dados da Estação Meteorológica da Embrapa, foi o segundo menor índice de chuva para dezembro da história, ficando atrás apenas de 1995, quando choveu 32 mm. Em outros anos de estiagem haviam sido registrados em torno de 60 mm, como 2004 e 2013.
Em novembro, as precipitações estiveram concentradas na primeira semana do mês, seguida de 20 dias sem chuva. O mês também registrou temperaturas do ar mais altas, com mínimas em torno dos 15ºC e máximas acima dos 30ºC. Em dezembro, foram 25 dias sem chuvas, com pancadas isoladas que resultaram em 47,6 mm no mês, o que representa apenas 27% da média histórica. No final de dezembro, as temperaturas passaram dos 36ºC, com umidade relativa do ar abaixo de 60% e insolação 30% superior à média. Até o dia 9 de janeiro, a umidade relativa do ar estava -8% abaixo do normal. O índice de chuva de Passo Fundo, em 2019, ficou em 1600 milímetros.Porém, esse número se deve as chuvas de outubro, que alcançaram 340 mm.A média anual é de 1800mm.
O cenário foi um pouco diferente na região noroeste do RS, onde o volume de chuvas pode ser considerado satisfatório, com 332 mm acumulados entre novembro e dezembro na estação de São Luiz Gonzaga. O problema na região foram as altas temperaturas do ar, com máximas próximas a 40ºC na maioria dos dias. As mínimas também superaram os 18ºC.
Em teoria, uma planta consome entre 5 a 7 mm de água por dia, valor que pode variar em função do ambiente, como calor/frio, radiação solar disponível, capacidade de armazenamento de água no solo, e outros. Avaliando a quantidade de chuva em Passo Fundo, 47 mm em todo o mês de dezembro supriria as necessidades da planta por apenas uma semana. “Esta é a maior estiagem nos últimos dez anos. Ainda mais expressiva do que o verão de 2013, última estiagem registrada no RS, quando choveu 66,4 mm em dezembro”, conta o analista do laboratório de meteorologia da Embrapa Trigo, Aldemir Pasinato.

Previsão para a semana
A chuva deve retornar a região a partir de quarta-feira (15). Hoje (14), o dia deve ficar parcialmente nublado, com temperaturas entre os 20°C e os 33°C. Amanhã, dia nublado a encoberto com pancadas de chuva no decorrer do dia. Mínima 20°C e máxima de 30°C.Na quinta-feira, o dia permanece encoberto com pancadas de chuva, possibilidade de trovoadas e rajadas de vento. Termômetros marcando entre 16°C e 27°C. As temperaturas entram em declínio na noite de quinta. Na sexta, a chuva vai embora e o tempo deve permanecer parcialmente nublado, com mínima de 13°C e máxima de 28°C.

Governo estuda medidas
Diante do cenário de estiagem que fez com que, até esta sexta-feira (10), pelo menos 28 municípios decretassem situação de emergência, o governador Eduardo Leite se reuniu com representantes das secretarias de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural e do Meio Ambiente e Infraestrutura e com a Defesa Civil para discutir medidas para serem tomados.
Atento às dificuldades enfrentadas pelos municípios e aos temores dos produtores rurais, cujas culturas são afetadas pela falta de chuva, Leite solicitou que as pastas, com o auxílio de órgãos de análise de dados, elaborassem um mapeamento das principais culturas afetadas e das estimativas climáticas para os próximos meses.
Neste momento, as culturas mais afetadas são milho, fumo, soja e feijão. “O milho é a base da cadeia produtiva, e deve afetar também a produção de leite. É uma cultura sensível. O feijão não foi afetado em algumas regiões, mas, em outras, as perdas variam entre 30% e 40%. O fumo foi bastante atingido pelo calor e falta de chuva, que enfraquece a folha. A soja também sofreu impactos severos nas regiões de Passo Fundo e de Não-Me-Toque”, detalhou Rodriguez.
Além dos 28 municípios com decreto de situação de emergência, conforme o mais recente boletim da Defesa Civil, da tarde desta sexta (10), outros sete já registraram pedido no Sistema Integrado de Informações. Mas ainda não formalizaram o decreto.
O órgão está distribuindo reservatórios móveis para as comunidades mais afetadas. Até o momento, 21 cidades receberam o empréstimo de 34 unidades de viniliq pipa (tanque flexível para transporte de água), com capacidade de 4,5 mil litros.

 

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