A engenheira passo-fundense Camila de Conto, 32 anos, é uma das 300 mulheres selecionadas para percorrer parte das 38 mil milhas náuticas ao redor do planeta. Formada em Engenharia de Materiais pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Camila foi uma das escolhidas entre 10 mil candidatas para a eXXpedition Round the World, uma expedição que está dando a volta ao mundo a bordo do veleiro S.V.Travel Edge, para estudar o impacto do plástico nos oceanos. Ao longo de 2020 e 2021, a tripulação - formada por mulheres de várias partes do mundo - pretende completar 730 dias navegando pelas águas do planeta.
Camila vive atualmente na ilha caribenha de Curaçao, na América Central, e trabalha como engenheira no setor farmacêutico. Junto com o marido, o holandês JurriaanKloek, a passo-fundense é velejadora e dá aulas de vela para as crianças da comunidade. “Cerca de cinco milhões de toneladas de plástico são depositadas por ano nos oceanos! Precisamos fazer algo para que os hábitos dos seres humanos não acabem com o planeta”, diz Camila, empolgada com a participação em uma ação de nível mundial em prol da natureza.
Ela também é membro da equipe de sustentabilidade em sua empresa, atuando em medidas para melhorar a cultura sustentável no local. “Eu participo do Conselho Empresarial de Desenvolvimento Sustentável de Curaçao e ajudei a empresa onde eu trabalho a ser a segunda empresa do país a ganhar o selo nacional de sustentabilidade.” Além disso, a engenheira está sempre envolvida com projetos da comunidade. “Eu fiz trabalhos voluntários nas organizações Coral Restoration Foundation e Curaçao SeaTurtleConservation Foundation, ajudando com ações relacionadas ao meio ambiente”, completa.
Sobre a expedição
A eXXpedition Round the World iniciou a volta ao mundo em 31 de outubro e conta com trinta grupos de dez mulheres que se revezam em trechos que variam de uma semana a um mês no oceano. Além de Camila, participam da expedição cineastas, artistas, professoras, designers e até mulheres ligadas à indústria do plástico. Todas com formações diferentes porque, “para resolver a questão dos plásticos, não há apenas uma solução, existe uma grande variedade de opções para analisar de diferentes perspectivas”, como afirma Emily Penn, a diretora da missão.
Durante a volta ao mundo, as tripulações vão colher amostras de água do oceano de duas diferentes formas: na superfície e a 25 metros de profundidade. Algumas destas amostras serão analisadas dentro do barco e outras serão enviadas para as universidades parceiras do projeto, para análises complementares. Quando a tripulação não estiver em alto mar, estará nos portos onde atracarem, catalogando todo o conteúdo de lixo recolhido e fazendo uma relação com o que é proveniente do local e o que é trazido pelas correntes do oceano.
E por que a expedição é formada apenas por mulheres? Emily explica que um dos motivos para justificar a exclusividade feminina é “encorajar as mulheres a embarcar na aventura”, já que “não existem mulheres suficientes na ciência que sejam velejadoras”. Durante a missão, os grupos têm diferentes tarefas a cumprir no veleiro: coletar e analisar amostras, escrever textos, gravar vídeos, tirar fotos para compartilhar nas redes sociais, cuidar da limpeza e preparar as refeições. A tripulação, sempre que possível, aproveita para fazer alguns passeios pelas cidades por onde passa, até porque um dos objetivos da expedição é criar envolvimento com as comunidades locais. "Em cada cidade a gente vai ter um 'outreach' evento onde vamos dar uma palestra pra comunidade sobre o projeto e sobre a importância de preservar os oceanos", explica Camila.
Camila faz parte do grupo de 10 mulheres que participam do trecho número 6 da volta ao mundo - partindo do Panamá, navegando 1000 milhas náuticas e cruzando o equador a caminho da ilha de San Cristóbal, em Galápagos. “A província de Galápagos, no Equador, é um parque nacional com uma reserva marinha que é o habitat de muitas tartarugas e iguanas. Estou ansiosa para colaborar com a população local na preservação desse importante arquipélago, e ajudar a melhorar nosso planeta”, finaliza a engenheira.