Na quinta-feira a Justiça de Lajeado concedeu liminar para que a passo-fundense tomasse posse na entidade
Redação ON
A defesa da candidata à presidência do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Elenir Winck, ingressou, na sexta-feira (24), com um agravo de instrumento para revisão da decisão proferida pela juíza plantonista, Carmen Barghouti, titular da 2ª Vara Cível do Fórum de Lajeado que assegurava à passo-fundense, Gilda Galeazzi, a posse como presidente eleita do MTG.
No despacho, emitido na tarde de quinta-feira (25), a magistrada acolheu na íntegra o recurso apresentado por Gilda para suspender a posse de Elenir após o empate nas eleições para a nova gestão da entidade tradicionalista, no dia 11 de janeiro. No entendimento judicial, prevaleceu o Artigo 127 do Estatuto do MTG, que rege o centro de cultura gaúcha, determinando que, em caso igualitário de votos, a idade da candidata mais velha é critério para validar a condução ao cargo de gestão. “Ocorre que tal entendimento é equivocado, visto que não observa a idade das candidatas, sendo no caso da autora [Gilda Galeazzi], que tem 65 anos, em detrimento da candidata da chapa 1 [Elenir Winck], que tem 62 anos”, destacou um dos trechos da decisão.
A defesa de Elenir, no entanto, questionou o parecer da juíza alegando o não cumprimento do Estatuto do Movimento. “Recebemos apreensivos essa decisão”, disse Gilda. “O Estatuto fala no candidato mais velho e não na chapa”, prosseguiu. A eleição histórica, que vai conduzir a primeira mulher à presidência do MTG, encerrou o escrutínio empatado com 530 votos para cada chapa e cinco abstenções consideradas como brancos e nulos. A comissão eleitoral, portanto, adotou como critério a idade do conselheiro mais velho para legitimar a vitória e posse de Elenir Winck, questionada judicialmente por Gilda. Pelas redes sociais, Elenir alegou “seguir firme no propósito de preservar a dignidade da instituição”. “Temos plena convicção de nossa postura ética e nossa retidão de caráter para com nossa cultura e nossa tradição, bem como para com todos os tradicionalistas do nosso Rio Grande”, escreveu.
Quebra de paradigmas
Embora a transição seja para empossar uma representação feminina no mais alto cargo do Movimento Tradicionalista, pela primeira vez desde 1947, Gilda avalia que o gesto não simboliza uma abertura mais progressista do MTG. “Ainda é um movimento conservador. As mulheres sempre tiveram um papel ao lado do homem nas entidades. Nós temos essa sensibilidade e é com isso que vamos fazer a gestão”, ponderou.
Com um orçamento anual estimado em R$ 1,8 milhão, ampliados para R$ 3,2 milhões com a destinação de emendas parlamentares, ela argumenta desejar o fortalecimento das entidades tradicionalistas regidas pela entidade com a qualificação profissional para destinar assistências culturais aos centros de tradição gaúcha. “Temos que mostrar que não estamos aqui pelo cargo. Não houve votação nas chapas, mas nas pessoas e nas propostas”, ressaltou.
No jargão jurídico, o agravo de instrumento é um recurso interlocutório apresentado pela defesa como uma tentativa cabível à parte que se sentir prejudicada de alguma forma pelo veredicto judicial.