Arquitetonicamente diferente de outros centros especializados em saúde, é no interior de um imóvel amarelo-alaranjado, na rua Lava Pés, que lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros encontram auxílio para compreenderem as transformações psicológicas e físicas que acontecem com o próprio corpo, a partir da orientação sexual, em um cenário local que aponta para 80% da população LGBT convivendo com traços condicionantes à depressão.
Esse alto índice foi mencionado pela assistente social do Centro de Referência de Saúde da Mulher, Talissa Tondo, na manhã de sexta-feira (7), durante uma conversa com a reportagem do jornal O Nacional. “As pessoas já chegam adoecidas”, contou. Há seis anos, os órgãos públicos municipais voltados à atenção básica de saúde iniciaram o planejamento multidisciplinar para o atendimento primário a esse grupo populacional disponibilizando, de forma gratuita, psicólogos, médicos endocrinologistas, urologistas e ginecologistas, além de assistentes sociais e enfermeiros para acolher os pacientes que não se reconhecem no padrão heteronormativo.
8 a cada 10
Semanalmente, conforme contou Talissa, 93 pacientes são assistidos pelo centro, que também funciona como uma unidade escola para mulheres gestantes ou em tratamento oncológico. “Existe uma legitimidade da cultura heteronormativa, machista e homofóbica, além do desconhecimento que esse espaço é voltado para o suporte psicossocial”, avaliou ela. A população identitária da sigla, no entanto, é superior à demanda que os profissionais da saúde recebem no espaço. “Existe um sofrimento do paciente e também da família para entender o processo”, ponderou ainda. A cada 10 pessoas que chegam ao centro de referência, 8 apresentam quadro depressivo, como diagnosticou um estudo elaborado com os pacientes que ingressam para o atendimento multiprofissional.
A educação e promoção da saúde para o público LGBT, e a atuação psicossocial junto às famílias, aliás, constituem dois dos três eixos principais de atuação da equipe. “Há o tratamento hormonal, para os transexuais, para auxiliar a construção física da identidade de gênero”, explicou Talissa.
O acolhimento das pessoas LGBT foi incluído no Centro de Referência de Saúde da Mulherm desde 2017, para universalizar o acesso aos programas de saúde, que já previam, no espaço, o atendimento às gestantes de alto risco; mulheres com resultados alterados em exames de rotina; mulheres e homens para o Programa de Planejamento Familiar; mulheres que tiverem alta após tratamento de câncer para acompanhamento multiprofissional; grupos terapêuticos pré e pós-quimioterapia e acompanhamento de familiares e orientações às famílias.
80% da população LGBT apresenta índices depressivos na cidade
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