Cinco dias após ser informada, através de um e-mail, que havia sido selecionada para um dos maiores programas de treinamento sobre mudanças climáticas do mundo, o Climate Reality Leadership Corps, a pedagoga Helena Schimitz ainda tentava organizar os pensamentos, na manhã de segunda-feira (10), para assimilar o conteúdo da mensagem.
Aos 25 anos, a aluna do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo (UPF) estava em casa, na cidade de Ibiraiaras, quando viu a notificação do comunicado. “Eu fiquei lendo mil vezes”, contou com a voz ainda eufórica. “Eu não esperava. É muito novo para mim”, prosseguiu. A pedagoga, que atua há sete anos como facilitadora em mediação de conflitos na iniciativa global Alternative to Violence Project, integra a comitiva brasileira eleita para encontrar-se, entre os dias 08 e 10 de março, com ex vice-presidente norte-americano na gestão Bill Clinton (1993-2001), e Nobel da Paz, em 2007, Albert Gore, em Nevada nos Estados Unidos (EUA). “O programa leva grandes líderes fornecendo treinamento em ciência climática, comunicação e organização para contar melhor a história das mudanças climáticas e inspirar as comunidades de todos os lugares a agir”, explicou.
Campanha
O impacto da surpresa, no entanto, logo foi substituído pela mobilização de amigos para financiar a viagem da jovem. A campanha “Helena pelo Clima” foi criada na plataforma virtual de financiamento coletivo Vakinha para subsidiar as despesas, estimadas em R$ 8 mil, de transporte aéreo, visto de entrada e hospedagem durante os três dias de conferência global. “É uma situação bem nova de pedir recurso porque eu não fazia isso”, disse. Faltando um mês para o embarque, a jovem líder conseguiu arrecadar R$ 965 reais. “Eu nunca imaginei ter essa oportunidade. Era algo distante, mas estou surpresa com a acolhida. Pessoas não tão próximas que se dispuseram a ajudar”, mencionou a pedagoga que, na fase final da escrita da dissertação do mestrado, diz dedicar-se à pedagogia social. “Pensar a escolar como um local social e não apenas de aprendizagem”, resumiu.
Em 2017, conforme relembrou, ela esteve no Nepal representando a América Latina na formação de grupos de trabalho para atuar na cultura de paz em Moçambique. “Eu acredito muito no poder do diálogo e essa é uma proposta pé no chão. Serão dez atividades para cumprir no ano com impacto regional”, enfatizou Helena sobre o Climate Reality. “Não tenho medo em pensar diferente. Algumas pessoas me perguntaram sobre a delicadeza do tema [ambiental], mas penso que se deve trazer a discordância para a mesa e dialogar”, ponderou.