Em razão da estiagem prolongada na região, a Corsan começou a instalar, ontem à tarde, a tubulação que vai transpor a água do lago da antiga pedreira, no bairro São José, até a Barragem do Miranda, responsável pelo abastecimento de 60% da água consumida em Passo Fundo. Apesar da escassez de chuva, a gerência da Corsan afirma que não há previsão de racionamento no município.
Os 900 metros de canos que estão sendo instalados, servirão para transpor água de forma preventiva. No mês passado, a Corsan já havia iniciado a transposição do Rio Jacuí para a barragem da Brigada Militar, responsável pelo abastecimento de 40% da demanda de água de Passo Fundo.
De acordo com o superintendente regional da Corsan de Passo Fundo, Aldomir Antônio Santi, nas duas últimas semanas houve um aumento no consumo de água em Passo Fundo em função da crise do coronavírus. Em média, as residências estão consumindo 5% a mais de água, e por este motivo, foi necessário fazer este trabalho preventivo", justificou.
Conforme o gerente, a demanda diária por água na cidade é de aproximadamente 55 mil metros cúbicos. O lago da pedreira, localizado dentro da área da Brigada Militar, funciona como um reservatório, com aproximadamente um milhão de metros cúbicos.
Abastecimento garantido
“Não estamos trabalhando com a hipótese de racionamento de água. Hoje estamos trabalhando de forma preventiva, da mesma forma que fizemos como realizamos a transposição do rio Jacuí. A barragem do Miranda está com aproximadamente 1,20m abaixo do vertedouro. Nossa ideia é não deixar ficar muito abaixo disso. Com essa transposição, acreditamos que poderemos passar os próximos 60 dias sem problemas”, disse ele.
A transposição será feita até o momento em que houver uma recuperação do índice de chuva. “O problema é que dos últimos 10 meses, em apenas dois houve chuvas que podemos considerar suficientes. Certamente precisamos de um índice de chuva bastante elevado para reverter a crise hídrica. Acreditamos que até o final do mês de abril vai ser necessária manter o bombeamento da água para o Arroio Miranda”, destacou Santi.
Berço das nascentes
O superintendente da Corsan definiu toda a área, onde está localizada a fazenda da Brigada Militar, como estratégica para o município. "Pode-se dizeer que 100% da água que abastece a cidade, é de nascentes desta região da fazenda, ou está armazenada no local.
Comandante do 3° RPMon, o tenente-coronel, Volnei Ceolin, ressaltou a parceria entre a Brigada Militar e a Corsan, para que a água da fazenda seja utilizada em benefício de toda a população. “Trata-se de uma área pertencente ao Estado. Ela está nas mãos da Brigada Militar e servindo para a Corsan atender toda a comunidade de Passo Fundo até a vinda da chuva. Esta parceria é de grande importância, especialmente neste momento que há um aumento pela demanda de água causada pelo coronavirus”, disse o militar
Uso consciente
Durante este período, a Corsan pede que a população utilize água de forma moderada. É importante e necessário fazer a higiene, pois é recomendado cumprir as recomendações das autoridades de saúde em relação ao coronavirus, mas sem desperdiçar. Santi destaca que a população não deve desperdiçar a água, evitando lavar veículos e calçadas com a mangueira. “Estamos fazendo um trabalho bastante consciente, pois sabemos que pode vir um período de que haverá demanda por mais água. Nós temos a consciência que prestamos um serviço essencial para a comunidade e, por isso, estamos focados para atender a essa demanda”, finalizou ele.
Medida havia sido adotada em 2012
A transposição das águas da antiga pedreira para a Barragem do Miranda não é novidade. Durante a seca que atingiu o Rio Grande do Sul, em 2012, a medida já havia sido adotada pela Corsan. O lago se formou com a extração permanente de rochas no local. A atividade fez brotar diversas nascentes por entre as pedras. A retirada permanente do local fez brotar diversas nascentes por entre as pedras. Para continuar com a atividade e evitar o alagamento na área, foram instaladas bombas de sucção.
Com a expansão urbana nas imediações da pedreira, a empresa Ergo encerrou as atividades na metade da década de 90. Após a retirada das bombas, a água subiu e encobriu grande parte dos paredões, dando origem ao lago. De acordo com o Corpo de Bombeiros, que utiliza o local para treinamento, o ponto de maior profundidade atinge aproximadamente 80 metros.