O prefeito de Passo Fundo, Luciano Azevedo, autorizou temporariamente a abertura de igrejas e templos religiosos para as tradições de Sexta-Feira Santa e Páscoa. A medida, que flexibiliza o decreto municipal de fechamento dos estabelecimentos comerciais e de serviços não considerados essenciais durante a pandemia de Covid-19, é válida apenas até este domingo (12). O anúncio do novo decreto aconteceu durante uma entrevista coletiva, na manhã da última quinta-feira (9), realizada no pátio da Prefeitura Municipal. Ficam vedadas, no entanto, celebrações como missas e cultos. Além disso, templos e igrejas devem liberar a entrada de apenas 30 pessoas por vez, das 8h às 20h, a fim de evitar aglomerações.
Outra medida adotada pelo município nesta semana, devido às celebrações de Páscoa, foi a liberação da abertura de lojas de chocolate até o dia 13 de abril. A justificativa é de que esses estabelecimentos têm investimento perecível e seriam especialmente prejudicados ao ficarem fechados nesta época do ano. Sobre a liberação do comércio, que está fechado há cerca de três semana, o prefeito foi cauteloso ao ressaltar que, embora o plano de retomada da economia de Passo Fundo esteja pronto, uma nova avaliação será realizada entre segunda e quarta-feira da próxima semana. Junto ao Comitê de Orientações Emergenciais (COE), serão analisados fatores como o índice de contaminação e o número de leitos, testes, respiradores e equipamentos de proteção individual disponíveis no município.
A possibilidade de novidades no decreto municipal depende, ainda, das orientações dos governos estadual e federal. “Temos recebido grande pressão pra que economia volte à normalidade e sabemos que ela é importante para todos. Fizemos uma opção consciente, orientada pelos técnicos, para preservar a vida. Nenhuma decisão é tomada sem levar em consideração as opiniões técnicas”, destacou Luciano. Portanto, por ora, a recomendação permanece sendo de que sejam respeitas as medidas de isolamento social para evitar a propagação do novo coronavírus, que já causou a morte de dois moradores passo-fundenses na última quinta-feira.
“Estamos no início da curva de subida”
Luciano Azevedo enfatizou, durante a coletiva, que a população precisa compreender a gravidade do problema e que, no momento, a única solução é que o maior número de pessoas possa ficar em casa. O tempo de isolamento é necessário para preparar a rede de saúde sem colapsar o sistema. Conforme estudo realizado pela Prefeitura de Passo Fundo, se 10% da população passo-fundense fosse infectada pelo Covid-19 e, destas, 5% desenvolvesse a forma grave da doença, mais de mil habitantes precisariam de atendimento em UTI. No entanto, Passo Fundo tem capacidade de atender apenas 201 pessoas em um período de 60 dias, considerando que existem 47 leitos para Covid-19 na cidade e que cada paciente fica, em média, 14 dias na UTI.
“Tudo que aconteceu no mundo mostra uma curva de contaminação [por Covid-19] que sobe, estabiliza e depois desce. Nós estamos no início da curva de subida. Acreditamos que, por enquanto, poucas pessoas tiveram contato com o vírus. Nesse momento, menos gente nas ruas significa menor possibilidade de contágio. Isso permite que as estruturas de saúde ganhem tempo e se preparem para atender a comunidade”, defendeu o prefeito.
Conforme a secretária de Saúde, Carla Gonçalves, caso haja a necessidade de ampliação de leitos em Passo Fundo, a fim de atender pacientes que precisam de atendimento hospitalar em decorrência do coronavírus, o município poderá passar a utilizar também a infraestrutura da Universidade Federal da Fronteira Sul e da Universidade de Passo Fundo.
Setores em funcionamento
Até o momento, as únicas áreas autorizadas a retomar o funcionamento integral, desde que respeitadas as orientações dadas pelo Ministério da Saúde, são as de indústria, construção civil e salões de beleza. “Ninguém sai de casa para visitar uma obra, uma indústria. As pessoas saem para ir ao comércio”, justificou o prefeito. Quanto aos salões de beleza e similares, houve entendimento de que há relação com higiene, além de possibilitar colocar mais profissionais de volta na economia, liberados para trabalhar com uma série de restrições.
Reforços na área da saúde
Além de, diariamente, analisar o cenário de Passo Fundo e atender as demandas da área da saúde, a Prefeitura reforçou também as equipes de assistência social do município, que trabalham com o atendimento de famílias, doação de alimentos e de materiais de higiene e limpeza, além de suporte para benefícios como o auxílio emergencial. Já na rede municipal de saúde e na frente de combate ao coronavírus, uma das últimas ações da Prefeitura foi a contratação de mais profissionais da saúde para que o Centro de Triagem do Coronavírus, que fica no Cais Petrópolis, pudesse atender 24 horas por dia, todos os dias da semana. Ao todo, mais de 120 serão chamados, atendendo também um pedido dos hospitais.