“Mães da Favela” vai auxiliar 50 famílias de baixa renda no município

Programa temporário de transferência de renda busca amenizar impactos do coronavírus na periferia

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Assegurar às mulheres uma renda mínima durante o período de isolamento social se soma à união de esforços das autoridades sanitárias e da Central Única das Favelas (CUFA) para evitar que a curva de contágio pelo novo coronavírus seja ascendente nos bairros periféricos. O fundo solidário “Mães da Favela”, presente em outros estados da Federação, vai beneficiar 50 famílias passo-fundenses durante dois meses.

A renda temporária de R$ 120 reais será transferida às chefes de família, com filhos cujas idades não ultrapassem os 14 anos, através de um sistema eletrônico de pagamento ou de um cartão destinado às compras básicas para suprir a necessidade de alimentação. “Nós sabemos que as mães também estão na linha de frente, cuidando de tudo. Estamos fazendo isso para amenizar o sofrimento delas em um momento crítico como esse”, explicou o presidente da CUFA, em Passo Fundo, Marcelo Godoy. 

A informalidade laboral, embora geograficamente distante, é a condição social que une as mulheres moradoras dos bairros Valinhos, Integração e Zacchia – mapeados para integrar a distribuição do benefício – às demais mães dos morros cariocas e paulistas, onde surgiu o movimento. Na segunda-feira (13), o fundo solidário eletrônico já contava com quase R$ 3 milhões de reais doados por pessoas físicas e jurídicas à causa social, que deve beneficiar mais de 16 mil famílias das periferias brasileiras. “Nós vamos buscar as doações com toda a precaução necessária para evitar a contaminação. Se o vírus chegar nas comunidades, entra em colapso o sistema de saúde porque as pessoas já vivem aglomeradas, sem saneamento básico. Então, se torna muito rápido a disseminação”, disse Godoy. 

Informação na linha de frente

Em localidades onde o álcool gel e as máscaras de proteção individual não figuram na lista das urgências primordiais, por serem artigos dispensáveis na ordem de necessidade das famílias, a CUFA caminha ao lado da informação para tentar barrar o contágio através da conscientização e de ações que pontuam a importância de respeitar a quarentena. “Nós produzimos sabão e distribuímos nas comunidades passo-fundenses”, agregou Marcelo. 

Além do produto de higiene, itens de alimentação chegaram aos lares para reforçar o armário de ingredientes básicos. “Focamos, primeiramente, nos alunos que frequentam as oficinas e as escolas, depois a comunidade local”, frisou. A primeira ação de entrega desses donativos aconteceu ao longo da última semana, onde 500 famílias receberam cestas básicas distribuídas pelos voluntários. 


As múltiplas ações de enfrentamento ao Covid-19, que se somam à falta de uma renda fixa mensal para essas famílias, se cruzam, agora, no cadastro das mães feito presencialmente em visitas aos bairros mais vulneráveis. Na face oposta, a iniciativa sensibilizou anônimos e famosos, como o cantor Zeca Pagodinho, a cantora Iza e atriz Giovanna Antonelli, que se manifestaram nas redes sociais com mensagens de incentivo e doações em dinheiro. O montante, conforme lembrou Godoy, é auditado por um conselho fiscal composto por nove entidades financeiras e sociais por meio de um portal da transparência. 

As contribuições, seja por meio monetário ou de alimentos, estão sendo direcionadas para a sede da CUFA, na rua Moron, número 5928. O endereço será, aliás, a rota de uma blitz solidária a ser desenvolvida pela organização, ainda sem data definida.

Gostou? Compartilhe