"Não conseguimos nem ao menos vê-lo pela última vez"

Voluntário na confecção de máscara, Gilmar Santana perdeu o pai para o coronavírus

Por
· 2 min de leitura
Divulgação/ON Divulgação/ON
Divulgação/ON
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Gilmar Santana, um dos idealizadores do grupo “Todos Unidos pela Saúde – Passo Fundo”, conta como é superar a perda de seu pai, que faleceu vítima do Codid-19 

Quando o caminhoneiro Gilmar Santana, de 62 anos, sofreu um acidente e perdeu o braço no ano de 2012, teve de se reinventar e construir uma nova alternativa para a sua vida. Morando com a filha, à época de apenas oito anos, ele descobriu por meio do movimento maker que poderia materializar tudo o que tinha na  mente, utilizando a impressão 3D. 

Oito anos depois, em meio à pandemia da Covid-19, ele passou a utilizar  o que aprendeu para beneficiar  profissionais de saúde da região. Santana convidou alguns amigos e montou o grupo “Todos Unidos pela Saúde – Passo Fundo”. Inspirados em grupos de Porto Alegre e São Paulo, passou a imprimir protetores faciais para doar à entidades de saúde. Esse material é usado durante o atendimento de pacientes contaminados pelo novo coronavírus. “Desde que iniciamos os trabalhos, logo quando a pandemia começou a se expandir pelo Brasil, já doamos mais de mil protetores faciais para toda a região”, comentou ele. 

Durante o trabalho voluntário, Gilmar sofreu um duro golpe dentro da própria família, ao descobrir que o pai havia testado positivo para o coronavírus e acabou falecendo. Jorge Santana morreu no dia 9 de abril, na Quinta-Feira Santa, sendo a primeira vítima fatal da doença em Passo Fundo. 

“Durante esse meu engajamento, o meu pai, de 89 anos, adoeceu, foi internado no Hospital de Clínicas, e faleceu vítima da Covid-19. Eu, como voluntário na causa, acabei perdendo um familiar”, destacou Gilmar. 

O ex-caminhoneiro conta que a despedida foi extremamente difícil, em razão das mudanças no protocolo para os velórios  e sepultamentos. “A despedida com meu pai foi bastante traumática para toda a família. Não conseguimos nem ao menos vê-lo pela última vez.  A minha mãe, com 86 anos, não teve a oportunidade  de se despedir. Ele veio do hospital com o caixão lacrado, e foi direto para a sepultura. Minha família estava esperando, e só fizemos uma oração. Isso foi bastante difícil para nós”, disse Gilmar. 

 Hoje com a pandemia, ele diz estar  vivendo uma nova fase de superação. “Todos os dias nós superamos obstáculos, a perda do nosso pai não pode abater nossa família. Não posso parar com o projeto que começamos com os protetores faciais. O importante é que se Deus nos tira uma cosia hoje, amanhã ele nos dará outra, que fará pensarmos mais em nossos semelhantes. Não podemos ficar guardando nossas dores e esquecer que as outras pessoas também sofrem, muitas vezes mais que nós”, disse Gilmar. 

Gostou? Compartilhe