É provável que, nos últimos dias, você tenha ouvido falar sobre o Clubhouse, a nova rede social de áudio, que vem chamando a atenção de personalidades do mundo todo. O aplicativo está disponível para iPhone (iOS) e, ainda em fase de testes, já atraiu mais de 6 milhões de usuários. Mas, para fazer parte, é preciso ser convidado, o que torna o acesso ainda mais exclusivo e os convites, disputados.
Na plataforma, chats de áudio sobre os mais variados assuntos acontecem ao vivo - e não ficam gravados. Nas salas, os usuários podem participar como speakers (aqueles que falam durante a conferência) ou listeners (ouvintes), sendo que cada um desses ambientes permite o acesso de até cinco mil pessoas.
Criada em abril de 2020, pelos norte-americanos Paul Davison e Rohan Seth, a rede social viu sua avaliação de mercado saltar de cerca de US$ 200 milhões para US$ 1 bilhão em poucos dias. Isso aconteceu após o empresário Elon Musk, dono da Tesla e da Space X, ingressar na plataforma, interagir em alguns chats e compartilhar sua opinião sobre a plataforma.
Nas últimas semanas, a diretora do hub de inovação da IMED, Márcia Capellari, também experimentou a rede social. Abaixo, ela compartilha algumas de suas percepções sobre as oportunidades que a rede social do momento traz consigo.
Aprenda com gigantes
Na rede, Márcia pôde interagir tanto na condição de ouvinte em algumas salas, como de convidada. Para ela, a plataforma oportuniza o aprendizado, através da curadoria sobre temas que são emergentes da nova economia. “Através do áudio, a gente pode utilizar e otimizar o nosso tempo para aprender com pessoas que, talvez, jamais tivesse espaço ou contato direto”, observa.
Aos curiosos que ainda não tiveram a oportunidade de experimentar, Márcia faz uma comparação. “Quem nunca falou: ‘eu gostaria de ser um mosquitinho para saber o que rola numa conversa entre Elon Musk e Bill Gates’, por exemplo. E é muito legal porque comecei a me dar conta de que posso ter o papel de ser esse mosquitinho, para saber o que rola dentro de uma sala de conversa com pessoas que admiro. Eu tive essa experiência e foi um aprendizado, uma aula em 40 minutos.”
Priorize o seu tempo
Em contrapartida às redes sociais que exploram o uso de imagens, o áudio traz como vantagem a facilidade de consumo, uma vez que não exige atenção exclusiva. Como o usuário pode acompanhar os chats de áudio enquanto desempenha outras tarefas, corre-se o risco de os debates se tornarem extensos e pouco produtivos, como alerta Márcia.
Há relatos de salas que permanecem abertas por horas. Nesse ponto, é preciso aprender a priorizar e a resistir ao FOMO (Fear of missing out), que pode ser traduzido como medo de perder algo ou medo de ficar de fora.
“Os responsáveis por selecionar os temas somos nós. Particularmente, sou adepta, porque posso fazer uma atividade física enquanto escuto e tenho uma mentoria em tempo real. É uma rádio curadoria, que sintonizo no tema que eu quero. Mas se quiser criar um grupo sobre mudanças no condomínio, é possível. Se quiser criar um grupo de família, também é possível. A forma com que cada um utiliza essa plataforma é o que determina se vai ser bom ou ruim para você.”
Analise o negócio
Mesmo para quem não atua diretamente na área de negócios, os números conquistados pelo Clubhouse chamam a atenção. Em menos de um ano, a plataforma, ainda em fase de testes, despertou a curiosidade de grandes empresários e investidores - até mesmo Mark Zuckerberg tem seu usuário por lá.
A experiência do Clubhouse, na avaliação de Márcia, quebra paradigmas de que é preciso anos de história para se consolidar no mercado e, ao mesmo tempo, deixa um recado: "Se o produto que você possui resolve uma necessidade de forma simples, esteja preparado(a) para escalar e aproveitar as oportunidades".
Para Márcia, o caso da Clubhouse traz suas lições para as startups: 1) Saiba conduzir a gestão da marca e a captação de leads; 2) Valide ideias e produtos; 3) Treine e aprimore seu pitch; 4) Aproveite as oportunidades; 5) Tenha um produto desejado por influenciadores; e 6) Mantenha a conexão com investidores e tomadores de decisão.