Sala de aula a céu aberto

Acadêmicos e professores aproveitam a natureza presente no Campus para potencializar o aprendizado

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Fotos: Leonardo Andreoli/UPFFotos: Leonardo Andreoli/UPF
Fotos: Leonardo Andreoli/UPF
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Aos poucos as atividades práticas desenvolvidas pelos cursos de graduação da UPF estão retomando o seu ritmo. Embora com algumas restrições, em função dos cuidados impostos pela pandemia, professores e acadêmicos encontram nos espaços ao ar livre do Campus I, um prato cheio de possibilidades. É assim que o estudante de Ciências Biológicas, Leonardo Martinello da Rosa e os professores Dr. Cristiano Roberto Buzatto e Dra. Michelle H. Nervo têm colocado em prática os conhecimentos repassados em sala de aula.

Aproveitando a natureza presente na Área de Preservação Permanente (APP), localizada próxima ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB), eles desenvolvem uma pesquisa sobre as samambaias e licófitas. A atividade é parte do trabalho que o estudante Leonardo vem desenvolvendo, tendo a orientação do professor Cristiano e coorientação da professora Michelle.  

 

Teoria e prática desde o primeiro semestre

No 6º nível do curso, Leonardo teve a oportunidade de, já no primeiro semestre, atuar como voluntário no Laboratório Multidisciplinar Vegetal (Multiveg). Lá, ele foi apresentado para as samambaias e licófitas e passou a desenvolver diversos trabalhos, junto à equipe do Laboratório. “Essas plantas geralmente passam despercebidas pela maioria das pessoas, seja dentro ou fora do contexto acadêmico, mas são extremamente importantes e possuem diversas funções nos mais diferentes tipos de ambientes em que elas ocorrem, principalmente como bioindicadoras da qualidade ambiental, sem falar que são muito diversas entre si e ainda, há muito para ser descoberto a respeito delas”, explica o acadêmico.

Na última semana, aproveitando também o tempo firme de temperaturas agradáveis e de sol, professores e o estudante fizeram uma expedição a campo com o objetivo de coletar e identificar as espécies de samambaias e licófitas que ocorrem naquela APP.

Segundo o acadêmico, as saídas de campo são imprescindíveis, pois estão presentes em grande parte das áreas de atuação de um biólogo, que precisa estar preparado para os desafios que elas podem apresentar. “Todo acadêmico de Ciências Biológicas deve ter esse tipo de experiência, pois, dependendo da área de escolha para sua vida profissional, elas vão se tornando cada vez mais complexas e exigindo cada vez mais, e o biólogo, deve estar preparado para se adaptar a cada uma delas, onde ter uma prática desde cedo, se torna fundamental”, relata, pontuando que a temática das samambaias é o tema escolhido para o Trabalho de Conclusão de Curso.

Ele explica que um dos objetivos do trabalho é conhecer as espécies que ocorrem na área, usando-as como subsídio para a conservação e manutenção dos ecossistemas onde samambaias e licófitas ocorrem. Além disso, a ideia é produzir um catálogo de espécies para divulgação e conscientização sobre a importância da preservação do meio ambiente.

Leonardo ressalta que a equipe ainda não possui a relação completa das espécies, mas o levantamento preliminar aponta cerca de 30 espécies. O acadêmico destaca que eles encontraram representantes de espécies ameaçadas de extinção, como a Dicksonia sellowiana, popularmente conhecida como xaxim. Há ainda, segundo ele, espécies comuns para as formações florestais da região e outras pouco conhecidas. “Quando comparamos com outras áreas, esse número pode ser alto e relevante para a conservação desses espaços. Vale lembrar que as APPs visam preservar a flora e a fauna, bem como os recursos hídricos, proteger o solo e assegurar o bem-estar da sociedade. Todas as espécies são registradas através de fotos e coletadas para tombarmos o material testemunho no Herbário RSPF da UPF, onde são conservados cerca de 15 mil exemplares da flora brasileira”, observa.

 

Uma sala de aula a céu aberto

Para o orientador do trabalho, professor Cristiano, a formação acadêmica não consiste apenas no conhecimento teórico e na UPF, em função da estrutura de laboratórios e de espaços junto à natureza, é possível fazer do próprio Campus uma sala de aula a céu aberto. “São espaços complementares para a formação do profissional das ciências biológicas. Os estudantes têm contato com a pesquisa desde o primeiro semestre, em disciplinas práticas onde a pesquisa é curricularizada. É uma preparação/treinamento para que os alunos possam atuar profissionalmente”, frisa.



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