O segundo semestre letivo na rede estadual de ensino, que começou no dia 4 de agosto, deverá ser marcado pela ampliação das atividades em formato presencial. De acordo com a 7ª Coordenadoria Regional de Educação (7ª CRE), as atividades devem continuar em formato híbrido, mesclando aulas presenciais e remotas, no entanto, a Secretaria Estadual de Educação tem trabalhado na elaboração de uma nova matriz curricular, que ampliará o tempo presencial dos estudantes nas escolas. O resultado disso é uma mudança na lógica com que o Estado tem consultado os pais ou responsáveis acerca do retorno presencial dos estudantes. Enquanto, no primeiro semestre, a família precisava assinar um termo de responsabilidade autorizando o retorno presencial, agora, o movimento é inverso: aqueles que optarem por não mandar os alunos para a escola, deverão assinar um documento manifestando o desejo pela manutenção do ensino remoto.
Conforme explica a coordenadora da 7ª CRE, Carine Weber, o termo deve ser assinado ainda neste mês. Pais ou responsáveis que não se manifestarem têm de permitir o retorno dos estudantes ao ambiente presencial, aderindo ao modelo híbrido, de forma imediata. No caso dos estudantes maiores de idade, o termo pode ser assinado pelo próprio aluno. “Antes, a nossa intenção ainda era a de manutenção do ensino remoto, mas agora queremos ampliar o ensino presencial. Então mudamos a lógica do termo. O pai não mais autoriza que o filho retorne para a escola, mas passa a manifestar o desejo pelo não retorno, desde que se comprometendo que o estudante manterá suas aprendizagens mesmo que não de forma presencial”, explica. Para aqueles que indicarem a preferência pelo ensino remoto, é obrigatório continuar participando das atividades por meio da plataforma Google Sala de Aula ou, então, retirando atividades impressas.
Outra novidade na grade curricular é a ampliação na carga horária das disciplinas de língua portuguesa e matemática, que receberão mais tempo de aula por semana, a fim de reparar possíveis lacunas deixadas pelo ensino remoto e que foram observadas a partir de uma avaliação diagnóstica junto aos alunos da rede estadual. “Nós percebemos que as principais defasagens dos nossos estudantes são os componentes de língua portuguesa e matemática. Não estamos ampliando o tempo de aula dessas disciplinas porque achamos que elas são mais importantes que outras. É porque são componentes fundantes para toda e qualquer aprendizagem. Então, a nossa ideia com as mudanças na matriz nesse segundo semestre é, justamente, resgatar os estudantes e qualificar a aprendizagem de todos eles”, justifica Carine.
Pouco mais da metade dos alunos aderiram ao ensino híbrido
Conforme levantamento da 7ª CRE, o ensino híbrido vem sendo adotado desde o primeiro semestre em todas as 119 escolas atendidas pela pasta, distribuídas em 32 municípios, sendo 38 educandários instalados somente em Passo Fundo. Apesar disso, a adesão ao ensino híbrido atinge apenas, em média, cerca de 60% dos estudantes matriculados na rede estadual. A coordenadoria estima que aproximadamente 40% desses alunos, no momento, ainda estão optando pelo modelo remoto. “Mas acreditamos que nas próximas semanas, com a ampliação do tempo de permanência na escola, a gente tenha também um aumento nos índices de adesão ao modelo híbrido”, projeta a titular da 7ª CRE.
O hibridismo do ensino acontece para que seja possível promover um rodízio entre os alunos, respeitando os protocolos sanitários que preveem capacidade máxima de ocupação nas salas de aula e o distanciamento entre os estudantes nos espaços escolares. As instituições também precisam disponibilizar álcool em gel e contar com equipes para higienização constante dos ambientes e monitoramento quanto ao uso obrigatório de máscaras e a ventilação das salas de aula.
Possibilidade de reprovação ainda está sendo estudada
A avaliação sistemática dos estudantes, em todos os educandários, é uma exigência da Secretaria Estadual de Educação tanto para as atividades presenciais, quanto para as remotas. Por isso, o calendário divulgado pelo governo gaúcho prevê que as escolas realizem os exames finais de avaliação entre os dias 16 e 17 de dezembro e que a entrega dos resultados aconteça no dia 21 do mesmo mês. No entanto, segundo Carine Weber, o Conselho Nacional de Educação ainda não emitiu deliberações acerca da possibilidade de reprovação dos alunos, seja por notas insuficientes ou por não terem atingido a frequência mínima. No ano de 2020, a orientação era para que as escolas não fizessem a retenção dos estudantes, considerando as dificuldades impostas pela pandemia.