Quando as atividades presenciais foram suspensas, em março de 2020, pela pandemia, até entidades mais tradicionais precisaram se reinventar. As igrejas católicas, religião predominante no país, foram buscar na tecnologia a conexão com os fiéis, muitos de idade avançada. A transmissão das missas passou a ser feita de maneira online. Um ano e cinco meses depois, o formato ainda continua sendo utilizado pelos religiosos.
“Desde que começou a pandemia, que fecharam as Igrejas, eu comecei a assistir online”, conta a cozinheira Eliani Barreto da Silva, de 62 anos. Ela assiste no celular e pela televisão as missas do padre Marcelo Rossi, hábito que já virou rotina. “Quando eu não vou à missa no sábado ou no domingo, que eu sempre vou na matriz Conceição, eu assisto online. Já está aquele hábito de ficar em casa, ficar mais à vontade e a oração é a mesma, porque a casa de Deus é onde a gente está rezando para ele”, conta a religiosa.
Eliani, inclusive, já comparece nas missas presenciais, mas apenas uma vez ao mês devido à pandemia e pela mãe, de 87 anos, que também acompanha pela internet com ela. Além das missas, Eliani participa do grupo dos Vicentinos há 40 anos. Agora, as reuniões e terços são realizados também por plataformas online. “A gente se vê, mas ainda não faz as reuniões presenciais”, conta. No começo da pandemia, os terços chegavam a reunir pessoas de todo o Brasil. “Era uma corrente de oração, com a fé e o desespero que a gente estava, deu muita força para não perder a fé”, relembra Eliani.
Adaptação
As mudanças na maneira de transmitir as orações e a fé passam pelas paróquias e padres, que coordenam as atividades. “Primeiramente, tivemos que cancelar tudo, fechar as portas, e como nós padres temos que sempre rezar a santa missa, pelo menos aos sábados e domingos, nós encontramos uma forma de pelo menos transmitir online para as pessoas”, conta Padre Jorge Francisco, Pároco da São Judas Tadeu da Vila Luíza.
A adaptação ao novo formato levou algum tempo. Foi necessário o investimento em uma internet de melhor qualidade para as transmissões não sofrerem quedas, mas hoje a paróquia está bem adaptada com a novidade. “Com o passar do tempo, a gente foi se aperfeiçoando, se adequando. Hoje, que ainda estamos vivendo a pandemia, temos restrições e está chegando mais uma nova cepa, a delta, que é perigosa, Estamos fazendo com que as missas ainda cheguem a casa das pessoas para que possam assistir a santa missa, que possam receber uma mensagem de paz, de alegria e de esperança”, relata Padre Jorge.
Futuro
As transmissões de missas por plataformas não são inéditas, elas já ocorriam pelo rádio, por exemplo, há muitos anos. “Quando falamos de Arquidiocese, estou falando de 51 paróquias. Muitas delas já faziam transmissões antes da pandemia. A maioria das paróquias transmite missas aos domingos, por rádio e isto há muitos anos. Começou muito antes da pandemia e vai continuar”, afirma o Arcebispo de Passo Fundo Dom Rodolfo Luís Weber. A decisão sobre a continuidade das missas online após a pandemia também dependerá de cada paróquia.
O pontapé inicial já foi dado e a resposta dos fiéis tem sido positiva. Nas transmissões, comentários movimentam as lives, se juntando às orações, rezando por entes queridos, pedindo orações para pessoas falecidas e enviando mensagens aos padres. “Até superou a nossa expectativa. A nossa igreja tem capacidade de 200 pessoas e nós ultrapassamos esse limite via internet chegando até mil pessoas em certas celebrações. Aumentou cinco vezes mais, é um meio de comunicação, de chegarmos até as famílias e levar a mensagem de Cristo”, avalia o Padre.
As missas e outras celebrações online também já se incorporaram ao cotidiano dos fiéis, que encontraram na internet um meio para reforçar a fé. “A gente fica tão em casa que se apega nas coisas, a gente se agarra naquilo”, afirma Eliani.