A volta às aulas da educação básica, marcada para acontecer no dia 21 de fevereiro para alunos de escolas estaduais e em 3 de março para estudantes de instituições municipais, deve ocorrer de forma 100% presencial em ambas as redes. Apesar do novo aumento no número de casos de coronavírus, com mais de 120 mil casos ativos somente no Rio Grande do Sul, por ora, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) descarta a possibilidade de ensino híbrido e mantém determinação para retorno presencial obrigatório em todos os níveis de ensino.
Em uma nota informativa, divulgada na última segunda-feira (31), o governo estadual apresentou às escolas uma série de recomendações sobre prevenção e controle de infecções por Covid-19 a serem adotadas nas instituições de ensino, com orientações de como proceder em caso de casos suspeitos ou confirmados entre alunos, professores e funcionários. Além de manter protocolos sanitários similares aos implantados no fim do ano passado, o documento também aponta condutas a serem seguidas de acordo com o ano escolar e a faixa etária dos estudantes.
Conforme a nota, na Educação Infantil, quando houver confirmação de um caso de Covid-19 em sala de aula, as atividades presenciais devem ser suspensas em toda a turma pelo período de 10 dias. No caso do Ensino Fundamental e Médio, se houver um caso positivo de coronavírus em ambiente escolar, o aluno deverá ser afastado das atividades presenciais por até 10 dias, assim como aqueles que se enquadram na definição de contato próximo. O retorno em sete dias é permitido em casos assintomáticos e com teste não reagente. Para alunos assintomáticos e com contato próximo domiciliar de caso confirmado, independente da faixa etária, o isolamento domiciliar de 10 dias também é recomendado.
Professores e funcionários com teste positivo para o vírus, ainda segundo o documento, devem ser afastados pelo período de sete dias (se possuírem status vacinal atualizado) a 10 dias (com esquema vacinal incompleto). No caso de professores que atendam à educação infantil, orienta-se ainda o afastamento de toda a turma pelo mesmo período.
Rede municipal deverá seguir normas estaduais
De acordo com a Secretaria de Educação de Passo Fundo, na rede municipal de ensino, as atividades devem continuar seguindo as orientações estaduais, com retorno 100% presencial, conforme o decreto em vigor no momento. “Temos seguido desde o início da pandemia os decretos estaduais e deu muito certo. Não tivemos surtos da doença nas nossas escolas e conseguimos manter o ambiente escolar com cem por cento de segurança. Então, a não ser que tenhamos novo decreto antes da volta às aulas [que oriente o ensino híbrido], continuaremos de forma presencial, com todos os cuidados”, esclarece o secretário Adriano Canabarro Teixeira. O ensino remoto é uma possibilidade somente para alunos com comorbidades, que possuam orientação médica para permanecer em casa.
Sobre a manutenção das aulas presenciais mesmo em um momento de agravamento da pandemia, o secretário ressalta a segurança do ambiente escolar, reforça a importância de os pais vacinarem as crianças para garantir uma proteção ainda maior e relembra as vantagens da presencialidade para o bom desempenho dos alunos. De acordo com Adriano, as avaliações diagnósticas realizadas no ano passado mostraram impactos negativos nos índices de aprendizagem deixados pela pandemia na educação de forma geral. “O desempenho foi inferior ao de anos sem pandemia. Com essa avaliação, nós conseguimos identificar quais dos 17 mil alunos conseguiram desenvolver ou não uma habilidade e pudemos ter uma visão muito clara de quais habilidades específicas foram mais difíceis para eles, individualmente”, observa. As avaliações devem ser aplicadas novamente, no primeiro e último trimestre deste ano, para seguir acompanhando a evolução dos estudantes da rede municipal.
Município elabora estratégias para reduzir a defasagem no ensino
Além de ajudar as escolas a desenvolverem atividades voltadas às áreas que necessitam de maior atenção, segundo o responsável pela pasta, os diagnósticos desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Educação também estão servindo de base para a criação de novos programas municipais de apoio à aprendizagem. Um deles, chamado “Professores YouTubers”, propõe a criação de materiais e aulas online, com planos individualizados, elaborados especialmente de acordo com as habilidades em que os estudantes não conseguiram desenvolver durante a pandemia, a fim de acelerar o processo de recuperação. “Vamos criar calendários com aulas de reforço e, com a ajuda de uma equipe de professores youtubers, manter salas de aula virtuais e síncronas, em turno inverso ao das aulas regulares, onde vamos juntar os alunos em turmas de acordo com as habilidades que eles precisam aprender”, explica.
Para alunos que não têm acesso à internet em casa, as escolas devem disponibilizar computadores em ambiente escolar para que eles participem das atividades virtuais de reforço. “Fizemos um investimento de quase R$ 11 milhões na infraestrutura de internet nas escolas para garantir o acesso”, acrescenta o secretário de Educação. Os alunos com defasagem pedagógica também poderão contar, a partir de março, com o apoio de uma equipe multiprofissional — formada por psicólogos, pedagogos, neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais — no Centro Pós-Covid de Combate à Desigualdade Educacional, criado pelo Município.