Retorno das chuvas traz alívio e recuperação de mananciais

Em quatro dias, abril atingiu 70% da média de chuvas para o mês

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Os dias nublados e com neblina predominaram na rotina passo-fundense na última semana.  (Foto: Roberto Sander)Os dias nublados e com neblina predominaram na rotina passo-fundense na última semana.  (Foto: Roberto Sander)
Os dias nublados e com neblina predominaram na rotina passo-fundense na última semana. (Foto: Roberto Sander)
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Depois de um verão carregado de incertezas climáticas, onde a falta de chuvas afetou a agricultura e os reservatórios de água de Passo Fundo, o município alcançou em apenas quatro dias cerca de 70% da média de 140,2 mm esperadas para o mês de abril. A chuva também foi capaz de recuperar os níveis de água da Barragem do Arroio Miranda e aliviar em mais de 60 cm as métricas da Barragem da Fazenda da Brigada.

 

Volta das chuvas

Após um sábado com trégua nas precipitações e tempo seco, o domingo iniciou com nuvens de chuva que perduraram até a manhã de segunda-feira (4). Na Estação Meteorológica da Embrapa Trigo, foram registrados 75,2 mm entre às 9h de domingo e às 9h de segunda-feira, totalizando 97,6 mm desde o início do mês de abril. Só durante a madrugada de segunda-feira, 62 mm foram contabilizados.

Segundo o analista do laboratório de meteorologia da Embrapa Trigo, Aldemir Pasinato, a terça (5) e quarta-feira (6) permanecem com tempo nublado, antecipando uma nova frente fria que entra no estado e deve trazer de 30 a 40 mm de chuva na quinta-feira (7). “Esse excesso de chuva em pouco tempo é normal e característico do La Niña depois de períodos mais longos de falta de chuva, de estiagem, onde vem esses períodos de curto espaço de tempo com chuvas de grande quantidade”, explicou Aldemir. Além disso, a previsão aponta uma grande amplitude térmica, com temperaturas máximas na faixa dos 25°C.

 

Outono

De acordo com o Boletim do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado do Rio Grande do Sul (Copaaergs) de abril, maio e junho, a estiagem começa a ser minimizada neste outono. Conforme a agrometeorologista e coordenadora do Copaaergs, Loana Cardoso, os prognósticos indicam que as chuvas tendem a ficar próximas à normal, sendo o momento para o armazenamento de água no solo e início da recuperação dos mananciais d’água. “É quando o produtor pode promover ações que favoreçam a estrutura do solo, para melhorar a capacidade de armazenamento de água no solo, práticas de rotação de culturas e implantação de plantas de cobertura do solo, visando tanto à melhoria da estrutura, quanto da fertilidade e armazenagem de água no solo", destacou.

 

Reservatórios de água de Passo Fundo

Durante os meses de novembro, dezembro e janeiro, onde foram observados os períodos mais críticos da estiagem no Rio Grande do Sul, a Barragem da Fazenda da Brigada chegou a ficar 2,80 m abaixo do seu nível máximo e a Barragem do Arroio Miranda com 1,55 de déficit. Em busca de recuperar os níveis de água dos reservatórios, em novembro foi ativada a transposição do Rio Jacuí para a Barragem da Fazenda da Brigada e em janeiro do Lago da Pedreira para a Barragem do Arroio Miranda.

O alívio veio somente com as chuvas tanto do final de março quanto do início de abril, somadas às temperaturas amenas e os dias que começaram a ficar mais curtos. Esse cenário também resultou na diminuição do consumo de água.

Segundo o superintendente regional da Corsan, Aldomir Santi, até a tarde de ontem (4) a Barragem da Fazenda da Brigada estava 2,30 m abaixo do nível máximo, enquanto a Barragem do Arroio Miranda estava só 30 cm abaixo, prestes a voltar a transbordar. “As chuvas foram em volumes significativos e recuperaram os mananciais. Não totalmente, mas foi um ganho significativo. A Barragem do Arroio Miranda provavelmente até o final de semana vai estar transbordando, de volta ao seu nível”, apontou o superintendente regional da Corsan.

Tendo isso em vista, nos próximos dias a transposição do Lago da Pedreira para o Arroio Miranda será desativada e um processo inverso começará a ser feito, com a água sendo bombeada de volta para o lago. Isso acontece porque o lago tem a característica de não conseguir se recuperar sozinho só com as chuvas, visto que também não tem vertentes. “Vamos pegar a água do rio e jogar para dentro do lago para deixar ele cheio novamente. Isso irá demorar quase 60 dias, só para conseguirmos deixar no mesmo volume”, explicou Aldomir.

No entanto, as transposições do Rio Jacuí permanecem, já que apesar dela ter tido uma considerável recuperação, ainda está muito abaixo do nível adequado. Para o procedimento ser encerrado, o ideal é estar somente com cerca de 80 cm de déficit.

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