Trabalhadores do transporte coletivo reivindicam 5% de reposição salarial

Categoria se reúne nesta quarta-feira (11) após encontro com a Coleurb; ônibus sofrerão atrasos na circulação

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Até abril deste ano, a Coleurb transportou cerca de 30 mil passageiros por dia em Passo Fundo. (Foto: Arquivo Coleurb/Divulgação)Até abril deste ano, a Coleurb transportou cerca de 30 mil passageiros por dia em Passo Fundo. (Foto: Arquivo Coleurb/Divulgação)
Até abril deste ano, a Coleurb transportou cerca de 30 mil passageiros por dia em Passo Fundo. (Foto: Arquivo Coleurb/Divulgação)
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Os trabalhadores do transporte coletivo urbano de Passo Fundo apresentaram uma demanda de 5% de reajuste salarial para a categoria e devem avaliar a recusa de concessão desta porcentagem por parte da Coleurb no amanhecer desta quarta-feira (11). A assembleia, feita antes do início do expediente, vai atrasar a saída dos ônibus estacionados no pátio da empresa e a circulação das linhas nos bairros do município. 

Em uma nova tentativa de acordo entre a concessionária e os colaboradores, representantes sindicais e administradores estiveram reunidos durante uma hora e meia na terça-feira (10) para a mediação da proposta. “Estamos pedindo a reposição da inflação do mês de fevereiro, que foi em 10,8%, e mais 5% de aumento real. Vamos levar para a categoria para ver o que eles vão fazer, mas o mais possível é que, assim, está encaminhando para uma greve”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano de Passo Fundo (SINDIURB), Luis Fernando Prichua. 

Segundo ele, a Coleurb não apresentou nenhuma contraproposta ao valor solicitado pela entidade de classe, responsável por representar os cerca de 470 motoristas e cobradores contratados pela empresa. “No primeiro ano da pandemia tivemos redução no salário. Se há uma crise no setor de transporte, não é culpa do trabalhador e não se pode penalizá-lo”, considerou Prichua. 


Redução na circulação

Em nota enviada ao O Nacional, na terça-feira (10), a Coleurb reiterou as dificuldades financeiras atravessadas pelas empresas de transporte durante a emergência sanitária da Covid-19 com a redução no fluxo de passageiros que utilizam a frota coletiva para deslocamento no município.

Em 2019, diz a concessionária, em média 45 mil passageiros passavam pelas catracas dos ônibus por dia. No início da pandemia, contudo, o número foi reduzido a 8 mil passageiros diários, representando uma queda de 82% no quantitativo de viajantes pagantes da tarifa para utilizar o transporte público em Passo Fundo. 

Em outubro de 2020, este número passou a 24 mil passageiros por dia, o que representa uma média de 50% da quantidade habitual transportada antes da pandemia. Até dezembro de 2021, não houve um crescimento significativo no número de passageiros transportados, ficando a média anual em 26 mil, de acordo com a empresa. Mesmo com a retomada das atividades produtivas e o retorno da circulação da população neste ano, a média de passageiros transportados até abril é estimada em 30 mil passageiros cotidianos, o que representa cerca de 65% da quantidade de 2019.

Em paralelo à redução mencionada pela Coleurb, os insumos necessários para manter a frota circulando tiveram um aumento de preços. “O diesel, por exemplo, somente em 2022, teve reajustes de cerca de 47% nas refinarias, impactando gravemente na saúde financeira da empresa. Na terça-feira, 10 de maio, foi anunciado um novo reajuste, de R$ 0,40 por litro”, argumentou a empresa. 

Os custos adicionais também forçaram um endividamento da concessionária de transporte urbano nos últimos dois anos, período no qual a empresa recorreu a empréstimos bancários “de valores vultuosos”, conforme a Coleurb, para suportar os reajustes concedidos de 3,92% no salário-base dos funcionários em 2020. “Em 2022, o reajuste concedido pelo Poder Público à tarifa [cujo valor por passagem passou a ser R$ 5,50] nem de perto gerou o necessário equilíbrio entre receita e despesas. Atualmente, considerando o número de passageiros transportados e o custo da operação, a empresa ainda opera em prejuízo, mês a mês, mesmo após o reajuste tarifário”, enfatizou a Coleurb. 

Ainda através do comunicado, a empresa considerou que o novo reajuste salarial, nos percentuais pretendidos, poderia “inviabilizar em definitivo a continuidade da operação”. “A empresa compreende a posição dos colaboradores, que têm justa expectativa em relação a reajustes periódicos de salário. Pondera, entretanto, que o momento é de trabalhar pela manutenção dos postos de trabalho e pela busca de alternativas que viabilizem a atividade das empresas que realizam o transporte público municipal”, ressalta a nota. 

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