Greve no transporte coletivo deixa cerca de 30 mil passo-fundenses sem linhas da Coleurb

Ônibus não saíram da garagem da empresa após categoria recusar proposta de reposição salarial

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Trabalhadores irão ter nova reunião nesta quinta-feira (27). (Foto: Luciano Breitkreitz/ON)Trabalhadores irão ter nova reunião nesta quinta-feira (27). (Foto: Luciano Breitkreitz/ON)
Trabalhadores irão ter nova reunião nesta quinta-feira (27). (Foto: Luciano Breitkreitz/ON)
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Enquanto a chuva se precipitava por Passo Fundo forçando os moradores a abrigar-se nos pontos cobertos ou com guarda-chuvas enquanto permaneciam à espera de um coletivo urbano, durante a quinta-feira (26), apenas as linhas da Codepas circularam pelos bairros do município após os ônibus da Coleurb permanecerem na garagem da empresa a partir da vigência de greve dos trabalhadores em meio às negociações pela reposição salarial. 

Ao recusar, em assembleia realizada no início da manhã de ontem, a proposta apresentada pela concessionária, os portões da garagem foram bloqueados pelos grevistas impedindo que os carros saíssem do pátio. A ausência dos 72 ônibus em circulação pelos bairros da cidade deixou cerca de 30 mil passo-fundenses sem o serviço de transporte coletivo até às 18h30min quando os colaboradores deixaram as dependências da empresa para retornarem às suas casas após o dia de manifestação. “Existe a lei de greve, que solicita que tenha um percentual mínimo. A empresa entende que o percentual mínimo seja de 70% em horário de pico e no entrepico pode ser 30%. Porém, o entendimento da categoria é nenhum veículo”, afirmou a diretora-presidente da Coleurb, Paula Bulla. 

Ao mencionar que a empresa poderá ingressar com uma solicitação ao Tribunal de Justiça do Trabalho em Porto Alegre para assegurar uma porcentagem mínima de ônibus à serviço da comunidade local, por se tratar de uma atividade essencial, Paula lamentou a interrupção forçada no transporte. “A empresa fez todos os esforços para evitar esse movimento grevista que a comunidade vem sofrendo hoje”, ressaltou ao falar, ainda, sobre as rodadas de negociação com o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivo Urbano de Passo Fundo (SINDIURB) em curso há, pelo menos, dez dias. 

Reiterando os impactos orçamentários que a Coleurb sofreu durante os dois últimos anos, a diretora-presidente destacou 2020 como o período de maior dificuldade enfrentado pela empresa com uma “queda significativa no número de passageiros” e, consequentemente, na receita da concessionária do transporte urbano. “Nesse ano, tivemos uma negociação coletiva, foi repassado um reajuste. Em 2021, da mesma forma. Tivemos negociação da categoria e também foi repassado reajuste. Foram dois anos onde a empresa teve prejuízos acumulados, buscamos financiamentos e procuramos manter os salários em dia, além de negociar com a categoria dentro das possibilidades”, destacou Paula. 

Apesar do reajuste na tarifa do transporte público, fixada em R$ 5,50 pelo Poder Público Municipal a partir de uma média entre as tabelas propostas pelas empresas que operam o serviço na cidade, a diretora-presidente da Coleurb assegurou que foi insuficiente para custear a folha mensal. “Foi muito aquém do que conseguimos passar ao trabalhar porque não temos subsídios de nenhum órgão público e também há a questão do aumento do diesel de 47% no preço do litro desde o início do ano”, lembrou. “No contexto atual, estamos negociando e foi feita a proposta acreditando que a categoria fosse aceitar, mas para a nossa surpresa infelizmente a votação foi contrária”, declarou Paula. 


O que foi proposto

Neste novo encontro entre sindicalistas e administradores da Coleurb, na manhã de quarta-feira (25), a concessionária apresentou uma proposta de pagamento de 3,8% sobre o salário-base nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro de 2022 e nos meses de janeiro e fevereiro de 2023, exceto para os cargos de gestão, a título de abono indenizatório, além de um reajuste de cerca de 13% no valor do vale-alimentação, passando a R$ 600,00. “Em relação aos meses de março e abril, a diferença do valor no vale-alimentação será paga nos meses de junho e julho, respectivamente, sem os descontos sobre o valor da diferença”, sustentou a Coleurb em nota à imprensa. 

Uma parcela de R$ 100,00 de crédito extra no vale-alimentação seria depositada no dia 20 de dezembro deste ano sem desconto mantendo as regras atuais dos quinquênios aos colaboradores contratados até 31/05/2022 e com exclusão dos quinquênios para os colaboradores contratados a partir de 01/06/2022. 

De acordo com o presidente do SINDIURB, Luis Fernando Prichua, a categoria irá se reunir novamente nesta quinta-feira (27) às 5h30min da manhã em uma assembleia que deverá durar até às 17h de hoje.

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