Nos últimos dez anos, a expectativa de vida ao nascer na região de Passo Fundo aumentou de 75,69 para 77,38 anos, conforme revela o estudo publicado pelo Departamento de Economia e Estatística do Governo do Rio Grande do Sul, já considerando o impacto inicial da pandemia de Covid-19.
Desde 2010 até 2020, mostra o documento publicado na terça-feira (26), a longevidade da população residente no Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) Produção foi elevada em pouco mais de um ano. “Dados apontam que a menor expectativa de vida está associada a maior dependência funcional, analfabetismo e menor renda”, explicou a professora da Universidade de Passo Fundo (UPF) e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano, Ana Luisa Alves, ao mencionar que esse crescimento nos indicadores responsáveis por estimar o número médio de anos que uma determinada população espera viver é uma tendência observada a nível global. “É uma realidade com impacto no sistema de saúde, no sistema previdenciário, na estruturação e organização familiar. Representa um avanço da sociedade e um desafio a ser enfrentado, em especial, em condições que necessitam de cuidado permanente e especializado”, ressaltou.
Corede Nordeste
Segundo especifica o relatório do governo gaúcho, entre as 28 regiões funcionais do Estado, o Corede Nordeste apresenta as expectativas mais altas de longevidade com 80,55 anos, enquanto os Coredes Sul (75,85 anos), Vale do Rio dos Sinos (76,02 anos) e Paranhana-Encosta da Serra (76,12 anos) se posicionaram na parte inferior da lista. O Corede Produção, no entanto, está uma posição abaixo da média estadual, estimada em 77,45 anos, seguido pela região do Vale do Rio Pardo. “A realidade vivenciada em municípios menores é diferente dos municípios de grande porte ou metrópoles. Assim, não é possível a generalização das informações”, pondera a docente da UPF.
Ao conduzir uma investigação no município de Coxilha, os pesquisadores em Envelhecimento Humano constatam que, no período de 11 anos, compreendido entre 2010 a 2021, houve queda na taxa de analfabetismo de 20% para 7% e a renda familiar de até 1 salário mínimo de domicílios com idosos reduziu de 15% para 9%. “Além disso, foi observada menor dependência dos idosos para as atividades instrumentais e básicas da vida diária. Outro fator importante a ser considerado foi o investimento em atenção primária à saúde no município. Em 2010, o município já tinha cobertura de 100% da Estratégia Saúde da Família, porém com a equipe mínima”, destacou Ana Luisa.
Tais fatores, prossegue, podem ajudar a elucidar essa tendência de evolução na expectativa de vida populacional. “Ao longo desses 11 anos, houve investimento em profissionais da saúde, com a formação de uma equipe multidisciplinar. Tal investimento contribuiu para o maior acesso aos serviços de saúde e tratamento precoce”, afirmou a pesquisadora.
Maiores causas de óbitos
Além de trazer informações acerca da longevidade em cada região gaúcha, o estudo do Departamento de Economia e Estatística também apresentou as principais causas de óbitos entre a população do Estado, sendo as doenças do aparelho circulatório (22,7%) se mantendo como as responsáveis pelo maior quantitativo de mortes analisadas no período de amostragem da pesquisa no Rio Grande do Sul, seguidas pelo câncer, com 20,7%.
As doenças infecciosas e parasitárias, categoria na qual foi incluído o coronavírus, saltaram do 9º lugar em 2019 para o terceiro lugar no ranking de 2020 (13,5%) com as doenças do aparelho respiratório (8,6%) na quarta posição. “A população masculina registra maior número de mortes em relação às mulheres entre as quatro principais causas, mas a maior diferença entre os sexos é encontrada nas mortes por causas externas, quinta no ranking geral no Estado, em que os homens morrem 3,72 vezes mais do que as mulheres”, destaca o relatório.