A lenda variante do velho oeste

Uma lenda, um retrato, uma confissão - verdades e devaneios a respeito de uma das melhores bandas de rock do Sul do país, vinda direto do árido velho oeste catarinense para uma explosiva apresentação em Passo Fundo, neste sábado

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Marina de Campos ON

O velho oeste guarda uma antiga lenda, algo sobre o dia em que três forasteiros de outro tempo chegaram para deixar sua marca e nunca mais voltar. Tão improvável quanto o que lá fizeram, há um suposto registro gravado em super-8, uma raridade conservada no mais fundo do deserto de algum lugar. Se existisse, eis aqui o que seria o seu roteiro. Cena 1: empoeirada vila amanhece cheirando a abandono, garrafas vazias e desperdício de pólvora pelo chão; raro se ouve algum resmungo bêbado da noite que passou. Cena 2: câmera deslizando rápida e rasteira por toda a extensão da única e decadente rua até alcançar repentina as botas velhas dos forasteiros; o clímax se aproxima. Cena 3: agora são vistos de frente, em fila, com trajes tão excêntricos que no tempo não se pode localizar, carregando consigo armas sonoramente letais que faíscam sob o sol escaldante de um selvagem deserto habitado. Cena 4: estão a postos e impassíveis até que soe o primeiro disparo, as guitarras explodem em tiroteios furiosos e cada resposta da bateria faz um novo cowboy tombar. Sem dó nem piedade vão dizimar a vila em poucos segundos, fazer com que a memória pálida de cada sobrevivente jamais se esqueça, que o som das cordas finas de seus revólveres permaneça a ecoar. Silêncio não mais existirá.
Mas, bem, alguns dizem que a lenda varia, o desfecho era outro, não estavam a pé e sim a cavalo, tudo se passou no calar da noite, jamais de dia. Porém, quando o que existe são incontáveis variantes e nenhuma certeza, melhor acreditar. Naquele antigo deserto hoje existe uma nova vila abençoada por Santa Catarina, um agradável refúgio a fingir dia após dia que nada aconteceu. Influenciados ou não pela sinistra lenda dos forasteiros, três jovens tomaram para si a aura de incredulidade que envolve o passado e colocaram toda a fúria daqueles antigos disparos em seu explosivo som. Alimentados à base de barril de pólvora e rock'n'roll, tiraram da única verdade da história a palavra para os autointitular: são eles os Variantes. Músicos com ou sem qualquer ligação com todo esse delírio, figuras que se deslocam no tempo e no espaço sempre à procura de mais - homens que, sem se dar conta, quem sabe um dia também virem lenda. "E o final nunca vai chegar".

Serviço
Show com a banda Variantes, de Chapecó
Data: sábado, 23 de janeiro
Local: O Bar, na Cel. Chicuta, 175
Horário: Pontualmente à meia-noite
Ingressos: primeiros cem a R$ 10, depois R$ 15
Realização: Produtora Show.com

A matéria completa, além de uma entrevista com os Variantes, você confere na edição do Segundo desse final de semana (23-24)

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