Como luva de veludo moldada em ferro

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Os quadrinhos existem há mais de cem anos, mas foi nos anos 1990 que viveram um de seus maiores auges criativos - e então algo deu errado. Em plena virada do milênio tudo parecia perdido, até que a decepção de criadores e fãs foi embora dando espaço a uma nova cena repleta de obras ousadas, clássicos revisitados, graphic novels marcantes e incríveis títulos mensais ali mesmo, na banca da esquina. Por meio de uma imponente e diversificada lista de melhores da década, fica fácil perceber que os quadrinhos podem até ter morrido no caminho, mas fizeram questão de ressuscitar (como todo super-herói que se preze)

Marina de Campos/ON

Há uma história que vem sendo contada desde os gregos, sobre um pássaro misterioso com o incrível poder de ressuscitar. O chamam de fênix, um ser de plumagem escarlate e canto horrivelmente triste, que cai em chamas assim que avista a morte, como quem se defende do que não pode evitar. Ao cantar em meio ao fogo, desfazendo-se pouco a pouco, prepara o universo para o que vai acontecer: ressurgirá das próprias cinzas como o mais frágil dos milagres, encarnará então o mais poderoso dos deuses e fará o mundo inteiro se curvar.

Em outras palavras, essa é também a história de Jean Grey, a Fênix Negra. Uma das mais fascinantes personagens do universo dos quadrinhos - e integrante da principal equipe de mutantes dos X-Men - ela possui em sua personalidade a melhor mocinha e a maior vilã de todos os tempos, o que lhe dá a obrigação altruísta de se sacrificar pelo resto da humanidade, mas também a dádiva de poder voltar. E ela não é a única. Nesse meio, a morte é completamente relativa. Super-Homem, Batman, Capitão América - todos os grandes heróis já deixaram de luto seus fãs, pouco antes de um retorno triunfal. Se pode ser assim nas mirabolantes tramas que cobrem as páginas de colorido intenso e confrontos apocalípticos, por que não na própria história dos quadrinhos?

Desde o seu surgimento, ainda no fim do século 19, até os áureos anos 1940 em que começavam a aparecer grandes mitos como os Vingadores, Thor, Quarteto Fantástico, Hulk e muitos outros, passando pelas décadas de 1980 e 1990, comandadas por mestres como Alan Moore e Frank Miller, os gibis vivem no limite. Na virada do século, por exemplo, estiveram à beira da morte - se é que realmente não morreram. Seguindo a lógica da arte sequencial, o que deveria acontecer em seguida? É óbvio: um recomeço dos mais incríveis, cheio de vitalidade, ousadia e determinação. Você - fã ou não de quadrinhos - vai se surpreender com tudo de melhor que foi criado na última década e elevou a mais divertida de todas as mídias ao patamar de imortal. Vida longa aos gibis! Mesmo que em pleno novo milênio.

A matéria completa na edição do caderno Segundo deste final de semana (06-07)

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