Brasil colonial, fins do século 18. Tanto a plebe quanto a realeza saem às ruas para festejar os dias de liberdade antes da Quaresma da maneira mais imunda possível: atiram-se ovos, farinha, baldes d'água, limões-de-cheiro, perseguem-se pelas travessas aos berros e misturam-se entre a animada multidão, na qual todos são iguais. Daquele tempo até os dias de hoje muita coisa mudou. Luxuosos bailes de máscaras, blocos de rua, grandiosas escolas de samba e um país transformado pela força do carnaval. Conheça aqui as origens da festa mais popular de todos os tempos e seus reflexos ao redor do mundo.
Marina de Campos ON
Por apenas um dia, ninguém é melhor do que ninguém. Não há decreto no mundo que vá castigar ou sequer descobrir de quais mãos espertas partiu o balde d'água que encharcou as exuberantes perucas da família real ou os golpes ágeis de farinha que se misturaram ao pó de arroz das damas e que fizeram rir sem pudor os modestos escravos que, pela primeira vez, deram-se ao luxo de não baixar os olhos para quem quer que fosse. Ovos aterrissando em cabeças alheias, revanches munidas, não de pólvora, mas de sorrisos e deboches, danças sem qualquer ritmo e cantorias insuportavelmente desafinadas - enfim uma festa que não deve respeito a qualquer santo, que não homenageia mártires, que não precisa de seriedade, constrangimento ou submissão para acontecer. Se hoje o carnaval representa qualquer outra coisa, em seus primórdios não passou disso: liberdade em sua máxima potência, a suprema comemoração do mais elementar e também precioso sentimento possível. A simples alegria de estar vivo.
A matéria completa no Segundo Caderno desse final de semana
Histórias de outros carnavais
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