Segundo ON
Nas alturas, em tradução livre, a expressão "up in the air" também pode ser usada para indicar um sujeito muito indeciso. Seja sobre céu, seja sobre indecisão, o certo que é em ambos os casos a comédia Amor sem escalas convence o público e mostra que no cinema - e na vida também não? - pés no chão e convicção não querem dizer absolutamente nada.
Concorrendo com sucessos como Inglourious Basterds, Precious, The Hurt Locker e Avatar, Up in the Air é a mais nova aposta do diretor Jason Reitman ao lado do conceituado protagonista George Clooney para concorrer ao Oscar deste ano. Estrela de superproduções como Onze homens e um segredo, desta vez o experiente ator vai na onda simplista com ares de independente que em 2008 consagrou Juno, primeiro longa do diretor canadense. Procurando sair desta edição do importante prêmio com a mesma sorte de alguns anos atrás, o jovem cineasta leva às telas a curiosa história de um homem que não se prende a nada.
Livre de qualquer compromisso, Ryan Bingham é um consultor com a nada atrativa função de viajar pelos Estados Unidos, de empresa a empresa, cortando gastos e demitindo funcionários. Nada atrativa? Não para ele. Indiferente à recessão ou qualquer outro drama, contenta-se com seu estilo de vida desapegado, passado em meio a hotéis, carros alugados e grandes aeroportos. Capaz de reunir tudo que possui em uma única mala de mão, é membro de elite de todos os programas de fidelidade existentes em linhas aéreas, e está muito próximo de atingir seu objetivo: dez milhões de milhas. Mas quando está quase lá... Parece ser obrigado a um pouso forçado. Influenciado por uma novata, mas eficiente funcionária, seu chefe ameaça mantê-lo permanentemente na sede da empresa - perspectiva ao mesmo tempo atraente e aterrorizante para um homem indeciso que gastou sua vida nas alturas e está prestes a descobrir o que significa ter um lar.
Desempregados do mundo, uni-vos
Quando Andy Glantzman concordou em ser filmado falando francamente sobre como se sentiu ao perder seu emprego, não imaginava que milhões de pessoas fossem assistir a seu depoimento. Mas, em vez de sua participação fazer parte de um documentário, como ele previu, Glantzman e outros 21 funcionários demitidos se viram fazendo pontas no filme Amor Sem Escalas, que na semana passada recebeu seis indicações ao Oscar, incluindo para melhor ator e diretor. O lado bom é que, um ano depois das gravações, muitas das vítimas da recessão mostradas no filme já têm novos empregos, e suas histórias podem dar esperança a outras pessoas. "O filme me deu uma razão para vestir um terno, sair de casa e sentir que eu estava fazendo algo que valia a pena, em vez de ficar apenas sentado, esperando o próximo salário-desemprego", disse Glantzman em entrevista. "Começou por elevar minha auto-estima". Não é de se estranhar que o filme, com uma temática assim tão atual, seja um fenômeno nos Estados Unidos e um dos fortes candidatos a sensibilizar o júri e levar a melhor nesta concorrida edição do Oscar, que acontece no dia 7 de março, em Los Angeles.