Um pouco sobre o Oscar 2010, que acontece neste domingo e mobiliza o mundo em torno de uma única pergunta: algum dos nove concorrentes ao prêmio máximo de melhor filme vai ser páreo para o mundo azul de Avatar? E mais: curiosidades, especulações e apostas altas em torno das produções que marcaram o último ano e fizeram você vibrar dentro do cinema como quem assiste a uma hipnotizante corrida de cavalos. Então, quem vai sair campeão?
Marina de Campos ON
Você sabe, nada se compara ao estourar de uma corrida de cavalos. Aquele som crescente atropelando ouvidos, cortando o ar como uma navalha humana de músculos e ferradura, a plateia de elegantes chapéus e charutos vibrando a cada curva, os binóculos que tentam aproximar a visão, mas não são capazes de aumentar aquele barulho, aquele ensurdecedor barulho que desde o disparo seco da largada já se encontra em sua potência máxima. Você sabe de tudo isso, mas nunca viu. Não esteve lá, não apostou milhares de dólares em um puro sangue, não gargalhou entre um gole e outro da bebida mais cara do lugar quando ele venceu nem se tornou o retrato da frustração quando seu cavalo da sorte foi enfim derrotado. Você sabe disso por um único motivo: a fascinante desgraça que é o cinema e suas inesquecíveis cenas passadas em meio às corridas de cavalos.
Quando chega março e os ânimos se tornam ainda mais acirrados, Hollywood se transforma em um jockey club. A corrida nem sempre é justa, mas todos podem contar com a sorte - o dinheiro, o talento, a experiência, a surpresa, a preparação. Competir por um Oscar, realmente, nunca vai ser muito diferente. Estão lá todos os mesmos elementos: uma disputa que lida com altíssimas somas em dinheiro, que lida com as aparências, aquele sorriso amarelo petrificado na face da sociedade, os mesmos vestidos longos, as mesmas apostas seguras, a mesma tensão doentia e uma incontrolável expectativa. O que diferencia os dois? Só mesmo aquele som.
A matéria completa na edição do Segundo Caderno, encartado no ON deste final de semana