A sinfonia do impacto

Com participação do internacionalmente prestigiado instrumentista Ney Rosauro, Sandro Cartier e o grupo de percussão da FAC apresentam recital em Passo Fundo nesta segunda-feira

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Segundo ON

Não são raras as vezes em que, mesmo com a mais superficial investigação a respeito de suas origens, uma palavra se revela mais profunda e carregada de sentido do que se poderia imaginar. A percussão, por exemplo, não tem como primeira definição um instrumento em que se bate para marcar o ritmo, mas sim a amplitude do ato de percutir, bater, ferir, esbarrar; o embate, o choque, a pancada. O próprio impacto. Antes do instrumento, vem até mesmo o conceito de arma de percussão, aquela em que o fogo é comunicado à carga por meio de uma peça em uma cápsula fulminante, ou ainda o método de diagnóstico que consiste em pequenas pancadas com os dedos sobre as paredes de uma cavidade do corpo para reconhecer por meio do som as lesões.

Mas por acaso deixa de ser tudo isso a percussão quando inserida na música? Objeto capaz de matar, prática capaz de salvar, um núcleo obscuro e impreciso que define os ritmos, os caminhos e as consequências de uma canção. Uma sinfonia de impactos que só pode encontrar alívio quando descobre as mãos de um verdadeiro artista e sente também ali a presença forte de seu coração.

Entregues a essa ideia, Sandro Cartier e os integrantes do grupo de percussão da FAC dividem a cena com o experiente instrumentista Ney Rosauro nesta segunda-feira (29), em Passo Fundo, em um grande recital que tem como objetivo apresentar ao público essas e outras facetas da percussão. Amplamente reconhecida dentro da cultura popular brasileira, essa vertente também busca reconhecimento naquilo que se chama música erudita, lutando por seu espaço ao lado de luxuosos instrumentos de sopro e corda que costumam caracterizar uma sinfonia.
Promovido pela Cultor Produtora Cultural, o encontro tem ligação com o projeto Unimúsica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que neste ano possui o tema Percussionistas e vai contar com a presença dos mesmos artistas em Porto Alegre, no dia 1º de abril. Para dar ao público passo-fundense a chance de vivenciar o recital, Rosauro, Cartier e os integrantes do grupo da Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo se apresentam aqui dias antes, no auditório da Faculdade de Medicina, campus II. O evento tem promoção da Secretaria de Desporto e Cultura em parceria com a FAC e patrocínio do DCE UPF.

Um percussionista pelo mundo
Ney Rosauro tem se destacado como um dos mais originais e dinâmicos percussionistas sinfônicos da atualidade. Dono de um estilo único de compor, caracterizado por melodias charmosas e a ritmos contagiantes, ele utiliza elementos do rico folclore brasileiro para criar composições estilizadas que têm encantado plateias ao redor do mundo.
Carioca nascido em 1952, começou seus estudos na música aos 12 anos e na década de 1970 estudou Composição e Regência na Universidade de Brasília. Seguindo com estudos na área da percussão sinfônica, fez cursos de especialização e um mestrado em percussão na Alemanha, além de um doutorado nos Estados Unidos, concluído em 1992.
Professor da Escola de Música de Brasília por mais de dez anos, atuou na Orquestra do Teatro Nacional de Brasília e desde 2000 é diretor dos estudos de percussão na Universidade de Miami, onde também dirige o grupo de percussão da instituição e os cursos de pós-graduação em percussão lá realizados. Com dez discos gravados e mais de 50 peças escritas, possui métodos didáticos editados na Alemanha, nos Estados Unidos e no Brasil, e seu renomado concerto para marimba e orquestra já foi executado por mais de mil orquestras nos cinco continentes.

Serviço
Recital de percussão com Ney Rosauro, Sandro Cartier e grupo de percussão da FAC
Data: segunda-feira, 29 de março
Local: auditório da Faculdade de Medicina, campus II
Horário: 20h30
Entrada: 1 kg de alimento não perecível

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