Na Capital Nacional da Literatura, uma pergunta tão importante quanto essa não pode ser feita apenas durante os acontecimentos de uma semana, mas sim toda a vez que houver uma nova possibilidade de resposta. Depois de retomar as atividades do projeto Livro do Mês, em parceria com a Universidade de Passo Fundo, o Sesc promove nesta terça-feira um encontro literário com o tema É o fim do livro? O futuro do livro e da leitura, contando com a presença dos professores porto-alegrenses Martha Bonotto e Marcelo Spalding, que estudam os caminhos que levam ao futuro e explicam a sobrevivência da literatura em meio ao funeral do livro como hoje o conhecemos
Marina de Campos/ON
O livro já morreu - e ponto. O que se encontra por aí, em estantes de livrarias e bibliotecas fadadas a desaparecer, são somente os seus restos, pedaços de seu cadáver, sua ossada, a arcada dentária, tudo aquilo de mais humano que permanece em um corpo quando a alma já deixou de habitá-lo. Não foi velado nem sepultado (e se fosse, muito provavelmente, seria enterrado como indigente), não deixou filhos e claro que não deixou grandes somas de herança, nunca foi reconhecido em vida e certamente não é isso que vai encontrar na morte. Mas morreu e nos deixou suas células em decomposição, fios de cabelo, unhas, resquícios, milhares deles, por todo o mundo, contaminando lentamente a vida que pensava estar livre da literatura. Engana-se redondamente: o livro morreu, a literatura não. "É o fim do livro!", proclamam com macabra satisfação, esquecendo que as palavras pulsam e o sangue corre em qualquer parede, guardanapo ou tela de computador.
E se a literatura ainda sobrevive, então há muito o que discutir. Em uma conversa com o escritor e pesquisador Marcelo Spalding, o Segundo adianta um pouco do que será debatido no encontro literário que o Sesc promove nesta terça-feira (30), juntamente com a professora Martha Bonotto e o mediador Eládio Weschenfelder, a partir do tema É o fim do livro? O futuro do livro e da leitura. Confira abaixo a entrevista.
Confira a entrevista na edição do Segundo caderno deste final de semana (27-28)