Nas telas, em espírito

Grande aposta do cinema nacional em 2010, cinebiografia do ícone brasileiro Chico Xavier chega aos cinemas passo-fundenses nesta sexta-feira

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Segundo ON

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo final." Como se, há anos e anos, quando foi dita, já possuísse destinatário certo, essa frase foi apenas uma das muitas sábias palavras de Chico Xavier a motivar uma equipe inteira e fazer com que um ambicioso sonho se tornasse realidade: levar às telas a vida de um dos maiores ícones culturais da história do país provando que há espaço para um cinema nacional dotado de emoção e sensibilidade. Tendo como matéria-prima a fascinante história do médium mineiro que mobilizou o Brasil com seu suposto dom, o filme se aproveita não apenas do lado extraordinário dos acontecimentos para tocar o espectador, mas também das excelentes atuações de figuras como Nelson Xavier, Letícia Sabatella, Tony Ramos, Cássia Kiss, Paulo Goulart e Ângelo Antônio. Com estreia nesta sexta-feira, 2 de abril, o filme promete se tornar um dos grandes campeões de bilheteria do ano no país.

Chegando às telas na data em que o espírita faria cem anos, o longa-metragem dirigido por Daniel Filho tem roteiro baseado no livro As vidas de Chico Xavier, do jornalista Marcel Souto Maior. "Infelizmente, nesse caso, não vou desfrutar da vaidade do autor que vê alguém vir e lhe dizer que achou o livro muito melhor que o filme", brinca o escritor. "Quando sonhava em ver meu livro transformado em filme, imaginava que dez passagens não poderiam ficar de fora. E ao ler o roteiro constatei que estavam todas lá", complementa. O responsável pela adaptação, Marcos Bernstein - de clássicos como Terra estrangeira e Central do Brasil - explica como os trechos foram selecionados. "Decidimos que a infância não poderia ficar de fora, por talvez ser a parte mais dramática da vida do Chico. E muito menos a velhice, quando ele passa a usar peruca. Acho que essa é a imagem mais fresca que as pessoas têm dele", explica.

Intensidade no set
Nelson Xavier, que interpreta o médium entre os anos 1969 e 1975, foi apenas um dos membros da equipe a mergulhar na história do personagem e sentir a vibração até mesmo nos estúdios de filmagem. "Chico foi uma revolução na minha vida. A mensagem dele é que a gente tem que acreditar mais no amor. Eu vivia num ateísmo profundo antes de mergulhar no universo dele. Ao ler o livro, fui tomado por uma cachoeira de emoções e lamentei ter vivido tanto tempo sem ele", afirma o ator, com a voz embargada. O diretor, que também se envolveu profundamente com sua trajetória, afirmou em coletiva de imprensa ter presenciado uma espécie de possessão enquanto rodava o filme. "Parece que uma senhora, figurante, encarnou algum espírito. Ela teve que ser tirada da sala às pressas", afirmou o diretor, referindo-se ao episódio ocorrido durante uma das cenas na Casa da Prece. Ainda de acordo com ele, a fé e a religiosidade foram traços marcantes nas filmagens. "Era comum que os figurantes começassem a chorar durante as cenas. Principalmente em Uberaba, onde muitas pessoas estiveram com o Chico, havia mesmo muita comoção", completou, não sem enfatizar que, apesar disso, o filme não foi feito com a intenção de ser um filme religioso, sobre a doutrina espírita. "É uma história de um brasileiro excepcional, que escreveu 412 livros e vendeu mais de 30 milhões no mundo todo", concluiu.

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