Dez de abril: deixe estar, o sonho acabou

Quarenta anos sem os Beatles

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Marina de Campos ON

Palavras flutuam como uma chuva sem fim dentro de um copo de papel, elas mexem selvagemente enquanto deslizam pelo universo, um monte de mágoas, um punhado de alegrias estão passando pela minha mente, me possuindo e acariciando. Imagens de luzes quebradas que dançam na minha frente como milhões de olhos, eles me chamam para ir pelo universo, pensamentos se movem como um vento incansável dentro de uma caixa de correio, elas tropeçam cegamente enquanto fazem seu caminho pelo universo. Sons de risos, sombras de amor estão tocando meus ouvidos abertos, me excitando e convidando, um amor incondicional sem limites que brilha em minha volta como milhões de sóis que me chamam para ir pelo universo. E nada, nada vai mudar meu mundo. Nada vai mudar meu mundo.

Across the universe se trata de uma das mais emblemáticas faixas do Let it Be, e não sem motivo: hino da despedida, ode à individualidade, viagem de retorno, mas também de expansão, partida, adeus sem tristeza, serenidade sem conformismo, seguir adiante, desfazer-se, encontrar-se, tornar-se definitivamente um só. Junto com a música que dá título ao último álbum dos Beatles, imortaliza a aura de transcendência que recaiu sobre a banda quando o sonho recém-começava a se tornar obscuro. Logo no início do declínio era como se já soubessem do fim, como se estivessem anos luz à nossa frente compondo canções sobre mágoas e alegrias que só entenderíamos plenamente quarenta anos depois. Seja munido de centenas de motivos, seja acreditando que uma história de amor como a deles só poderia mesmo terminar assim, todo fã dos Beatles olha com olhos tristes tanto quanto compreensivos o registro de seus últimos suspiros. Alguém deveria avisar àqueles quatro jovens de Liverpool: é verdade o que dizia a letra, nada vai mudar o mundo que somente vocês foram capazes de construir.

A matéria completa na edição do Segundo Caderno deste final de semana (10-11)

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