Guarani em resquícios

Mostra itinerante promovida pelo programa de pós-graduação em História da Universidade de Passo Fundo apresenta cultura guarani por meio de fotografias, mapas e artesanato indígena

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Segundo ON

Trazer para o centro do debate a situação dos povos indígenas do estado, em especial o povo guarani: é essa a missão da mostra itinerante que, depois de passar por diversos pontos de Passo Fundo e Carazinho, chega agora a Ijuí. Com início nesta segunda-feira, 19 de abril, no Museu Antropológico Diretor Pestana, a exposição vai abordar a ocupação do espaço até a criação da redução de São Miguel Arcanjo, que em 1983 foi declarada patrimônio da humanidade pela Unesco devido aos seus aspectos históricos, arquitetônicos, artísticos e culturais.

Organizada pelos professores Graciela Ormezzano, Jacqueline Ahlert e Tau Golin, para discutir o tema a mostra conta com uma série de mapas, desenhos, fotografias e textos explicativos sobre o plano arquitetônico e as atividades cotidianas organizadas na redução. Além disso, serão apresentados elementos materiais da cultura guarani, como o artesanato. Essa mesma mostra já esteve em exposição no Museu Histórico Regional de Passo Fundo, no Museu Regional Olívio Otto de Carazinho e no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UPF. Em Ijuí, a exposição acontece em parceria com a Secretaria Municipal de Educação.

Um pouco de história

São Miguel Arcanjo fez parte da segunda fase missioneira em território que atualmente pertence ao Rio Grande do Sul. Depois da experiência das 18 reduções destruídas pelos bandeirantes na primeira metade do século 17, um segundo ciclo teve início com a fundação de São Borja, em 1682, em resposta a implantação da Colônia do Sacramento (1680) pelos portugueses. Em 1687, os jesuítas e guaranis também restauraram a redução de São Nicolau (da primeira fase) e iniciaram as edificações de São Luís Gonzaga e São Miguel Arcanjo. A seguir fundaram São Lourenço Mártir (1689), São João Batista (1697) e Santo Ângelo (1706).

Esses sete povos compreendiam as reduções fundadas pelos jesuítas e caciques (morubixabas) no lado oriental do rio Uruguai. Estavam integrados na Província Jesuítica do Paraguai, na jurisdição da Espanha colonial, que abrangia uma unidade espacial, atualmente fragmentada nas soberanias do Paraguai, Argentina, Brasil (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) e República Oriental do Uruguai (departamentos do Norte). No século 18, a Província ficou consolidada em 30 povos principais, diversos povoados e capelas, estâncias, projetos agrícolas e ervais. Para uma definição de linha de tempo, pode-se fixar o período missioneiro entre os anos de 1609 a 1767, com a expulsão dos jesuítas.

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