Doida demais (e santa quando convém)

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Adaptado da obra de Martha Medeiros, espetáculo Doidas e Santas tem como grande estrela Cissa Guimarães, que vem a Passo Fundo neste fim de semana para três apresentações no palco do Teatro do Sesc. Em entrevista ao Segundo, a atriz falou do sucesso da turnê pelo sul, a sua relação com a televisão e o prazer de comemorar seu aniversário aqui mesmo, em cena

Segundo ON
    Martha Medeiros diz que toda mulher é doida, “impossível não ser”, e que essa insanidade tem até mesmo nome, chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. E as santas, aquelas utópicas mulheres que desistiram dos prazeres da inquietude e não desejam mais nada, essas sim, são as piores – essas são loucas de pedra. O que ela quer dizer, nessas suas pequenas doses de reflexão literária que conquistaram o público por meio dos jornais e acabaram migrando para os livros, é que a mulher tem total liberdade para ser dramática, maníaca, apaixonada, ciumenta, delirante, santa ou insana, não importa, que seja o que tiver de ser. Como dizia Adélia Prado, “estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou viro santa”.

A peça
    Com texto de Martha Medeiros, adaptação de Regiana Antonini e direção de Ernesto Piccolo, Doidas e Santas se trata de uma comédia romântica apoiada em um texto ágil e contemporâneo, que acorda as relações humanas, desde as alegrias e as desiluões até os dramas e as delícias da vida adulta, passando pelas neuroses da vida urbana e os prazeres que se escondem no dia-a-dia, sem esquecer dos mistérios da maternidade e o poder transformador do afeto. Ou seja, o cotidiano de cada um de nós traduzido em uma linguagem moderna, que busca a interação e a aproximação com o público, trazendo-o para dentro da cena. No elenco, três estrelas: Giuseppe Oristiano, Josie Antello e Cissa Guimarães, que vem a Passo Fundo trazendo sua larga experiência não apenas na televisão, mas também nos palcos, onde começou ainda na década de 1970. Em entrevista exclusiva ao Segundo, a atriz falou sobre sua atuação também como produtora e o privilégio de estrear o texto de Martha Medeiros.

Segundo entrevista Cissa Guimarães

Segundo – O Sesc acabou de divulgar que haverá mais uma sessão extre no domingo, já que os ingressos para as duas sessões já existentes estão esgotados, o que quer dizer que a peça já é um sucesso antes mesmo de entrar em cena. Como está sendo essa turnê pelo Rio Grande do Sul?
Cissa Guimarães –
É verdade! A gente ficou muito feliz quando soube disso e resolveu fazer mais uma sessão. A turnê pelo estado está sendo uma maravilha, muito acima das expectativas que nós tínhamos. Estamos fazendo a estreia aqui no Rio Grande do Sul antes mesmo de se apresentar no Rio de Janeiro, aproveitando o fato da nossa autora Martha Medeiros ser daqui e já ter um grande prestígio entre o público estadual. É complicado porque, justamente por termos estreado aqui, não tínhamos ideia de como seria, e está sendo incrível, surpreendente, a recepção da plateia tem sido muito gratificante, um sucesso imenso, tanto que vamos fazer essa sessão extra aqui em Passo Fundo. Está sendo uma delícia!

Segundo – Em Doidas e Santas você é protagonista e produtora. Como é dar conta dessa jornada dupla?
CG –
É muito difícil, muito cansativo, mas tenho uma sócia maravilhosa que é a Maria Siman, que na realidade é a produtora executiva e faz tudo para me deixar tranquila e trabalhar no lado artístico. De qualquer maneira é muito difícil conciliar as duas coisas, mas ao mesmo tempo é muito prazeroso, então estou adorando isso.

Segundo – Como é trabalhar com um diretor renomado como Ernesto Piccolo?
CG –
É um presente dos céus. Ele é um dos maiores diretores que já trabalhei, é um artista inacreditável, é generoso, sabe o que quer, é determinado, e trabalhar com ele é uma alegria, um prazer e um aprendizado.

Segundo – Grande parte do público te conhece por meio da televisão, mas sua experiência no teatro vem desde a década de 1970. Como é a sua relação com esses dois meios?
CG –
São linguagens muitos diferentes, claro que no teatro a gente se realiza muito mais, o contato direto com o público é muito gratificante, não tem nenhuma câmera entre a gente e o público. Mas adoro fazer televisão também, acho dinâmica, atinge milhares de pessoas, gosto muito das duas coisas.

Segundo – E trabalhar com uma adaptação literária, como é?
CG –
Também é um grande presente, sou fã da Martha Medeiros há muitos anos, em função desse trabalho posso dizer que hoje em dia ela é uma grande amiga, e é uma honra poder trabalhar com um texto de qualidade como o dela.

Segundo – Fala um pouco sobre o teu personagem.
CG –
A Beatriz é uma psicanalista que tem um casamento de 25 anos no qual ela está muito infeliz, e ela tem a coragem de chutar o pau da barraca e buscar a felicidade dela. E é aqui que acontece uma série de coisas, então todo mundo tem que ir lá e ver o que acontece com ela, estão convidados!

Segundo – Domingo é seu aniversário, certo? E você vai passar boa parte dele em cima do palco, aqui em Passo Fundo...
CG –
Viu só que maravilha! Justo no dia do meu aniversário, curtir esse dia no palco, com tanto sucesso, não poderia ter presente melhor.

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