Dennis Hopper sem destino

Astro de clássicos como Sem destino, Apocalypse Now e Veludo azul, ator norte-americano faleceu no sábado deixando legado revolucionário para o cinema

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Segundo ON

Em 1997, Dennis Hopper afirmou que, como todos os artistas, desejava enganar um pouco a morte e contribuir com algo para as gerações seguintes. Passados pouco mais de dez anos, o ator foi finalmente enganado pela morte, mas não sem antes cumprir seu desejo e deixar ao mundo uma trajetória revolucionária dentro do cinema. Vítima de um câncer de próstata, Hopper faleceu no sábado, 29 de maio, aos 74 anos, em sua casa em Los Angeles, cercado por familiares, entre eles os quatro filhos.
Homenageado por personalidades das mais diversas áreas, o cineasta teve sua carreira intensamente lembrada nos últimos dias. "Ele transformou os Estados Unidos em Estados Alterados, declarou o amigo e também cineasta Julian Schanbel, que em 2002 entregou a Hopper o prêmio Donostia do Festival de Cinema de San Sebastián, referindo-se ao profundo impacto que o filme Sem destino causou na sociedade ao retratar o espírito do final dos 1960. Nos últimos anos, o ator passou a se dedicar também à pintura e à fotografia, objetos de importantes retrospectivas em museus em Amsterdã e Viena.

Pé na contracultura
Mesmo que não tivesse vivido papéis memoráveis em clássicos de diferentes épocas, como Rebelde sem causa, de Nicholas Ray, Assim caminha a humanidade, de George Stevens, Apocalypse now, de Francis Ford Coppola e Veludo azul, de David Lynch, Dennis Hopper já seria um dos maiores ícones do cinema por sua genial direção e marcante atuação em Sem destino - Easy Rider no título original.
Segundo a crítica, o filme foi responsável por mudar a história do cinema norte-americano e abrir caminho nos anos 1970 para uma nova geração de diretores em Hollywood. "Nós olhávamos para toda a década de 1960 e ninguém havia feito um filme fiel àquele tempo. Eu queria que Sem destino fosse um cápsula do tempo sobre aquele período", declarou o ator em 2005. No longa, dois homens de Los Angeles interpretados por ele e Peter Fonda caem na estrada com suas motocicletas rumo a Nova Orleans, descobrindo aos poucos uma outra realidade dos Estados Unidos. Revolucionário para a época tanto por sua temática quanto pelo modo de filmagem, o filme tem ainda uma trilha sonora antológica, integrada por Steppenwolf, Byrds e Jimmy Hendrix.
Em março, já com a saúde bastante debilitada, Dennis Hopper recebeu uma homenagem de Hollywood por sua trajetória no cinema: uma estrela na Calçada da Fama, localizada no coração da cidade que é berço do cinema do país.

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