Segundo ON
Lembra daquela trilha angustiante enquanto ele andava ágil e atento por corredores de pedra, os archotes com suas chamas tremulantes e a tristeza que era quando, sem aviso, o grande Príncipe da Pérsia dava de cara com a morte por culpa de um simples fundo falso ou um inimigo muito bem posicionado? Bem, era triste, mas também nem tanto, já que bastava reiniciar o jogo e ver se haveria mais sorte da próxima vez. Agora, algumas décadas mais tarde - e com algumas toneladas a mais de tecnologia - parece haver apenas uma chance de que o famoso jogo de videogame dê certo e vença o público nas telas do cinema. Do contrário, game over.
Em exibição nos cinemas passo-fundenses, Príncipe da Pérsia ousa transformar em filme um dos games mais populares da década de 1990. Para isso, não precisa apenas ser fiel ao jogo, mas também a toda a história existente por trás da trama utilizada entre saltos e resgates em pleno deserto. E é por isso que o diretor Mike Newell começa o filme enumerando os feitos do império persa e situando no tempo e no espaço o espectador (em uma fantasia repleta de engenhosos efeitos especiais, é claro). Na história, o rei da Pérsia em questão é Sharaman, um líder nato que tem como conselheiro seu irmão, Nizam. Fictício, como todo o filme, o rei é pai de dois filhos, Garsiv e Tus, o príncipe herdeiro. No entanto, a família apenas se completa quando o rei adota Dastan, uma criança maltrapilha, que demonstra coragem e sabedoria ao defender um colega de rua. Como diz o narrador, ele é um predestinado e será decisivo para a história dessa civilização. Depois de 15 anos, Dastan (então interpretado por Jake Gyllenhaal) se vê em meio a seus irmãos numa difícil escolha: invadir ou não uma cidade sagrada que, segundo um espião persa, vende armas para os adversários de seu povo. Vencido no voto, o protagonista entra na cidade e captura a princesa Tamina. No entanto, ela guarda um segredo, uma adaga que tem o poder de voltar no tempo. O artefato cai nas mãos do herói que, graças a um complô, é acusado de matar o próprio pai adotivo. Dastan e Tamina fogem para iniciar a jornada que selará o destino de ambos.
Com um orçamento de 150 milhões de dólares, o longa espera repetir o grande êxito de Piratas do Caribe, cujos três primeiros filmes representaram mais de 2,6 bilhões de dólares de arrecadação nas bilheterias mundiais e uma mina de ouro de produtos para a Disney e seus parques de diversões. "É um grande filme de ação, as intrigas são formidáveis, mas no centro de tudo isso está sobretudo uma família que luta para cumprir seu destino. Isso é o que me fascinou", declarou Ben Kingsley, 66 anos, vencedor do Oscar por sua interpretação de Gandhi em 1983.