Maratona teatral

Promovido pela Secretaria de Desporto e Cultura, 2º Espaço Cênico inicia hoje

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Segundo ON

Incentivar o talento desde cedo, oferecendo espaço e verdadeiro reconhecimento: esse é o papel do Espaço Cênico, festival estudantil de teatro promovido pela Secretaria de Desporto e Cultura desde o ano passado e com nova edição a partir desta quarta-feira, 16 de junho. Buscando trazer de volta a efervescência artística que a cidade possuía no passado, o evento tem como grande homenageado o farmacêutico, advogado e ator Paulo Giongo, também responsável pela criação do lendário grupo teatral Delorges Caminha. Em sua segunda edição, o Espaço Cênico quer ampliar a participação de esquete e de atores, envolvendo estudantes entre 7ª série e 3º ano do ensino médio. Com prêmios nas categorias de melhor ator, atriz e esquete, a novidade deste ano está no troféu para melhor texto original, como forma de incentivar a escrita e a produção autoral. Com programação nas noites de 16, 17 e 18 de junho, o festival acontece no Teatro Múcio de Castro.

Delorges e o sucesso passo-fundense
Criado na década de 1960, o Delorges Caminha, nome em homenagem ao galã do teatro e do cinema nacional, cujo pai, Geolar Caminha, residia no bairro Boqueirão, em Passo Fundo, montou aproximadamente 80 peças durante quase três décadas de atividade ininterruptas. A primeira delas, Sinhá Moça Chorou encenada no histórico Cine Real, extinto há mais de 20 anos, contou com a presença surpreendente do próprio Delorges, acompanhado da atriz Henriette Morineau.
Liderados por Paulo Giongo, o grupo de jovens buscou inspiração nas companhias de teatro que viajavam do Rio de Janeiro ou São Paulo de trem para se apresentar na cidade. O trabalho do Delorges cruzou fronteiras e ganhou os palcos de São Paulo e Brasília. O elenco era formado por aproximadamente 40 pessoas, entre médicos, professores, advogados, farmacêuticos e pintores. A maioria dividia o tempo entre trabalho, 3 horas diárias de ensaio no salão de um colégio da cidade e as viagens no final de semana.

Para manter a estrutura, como figurino, cenário e viagens, o Delorges usufruía apenas do dinheiro arrecadado nas bilheterias, além da comercialização de anúncios para o fôlder com informações sobre a peça e o apoio de algumas empresas. "Era um teatro amador nesse sentido. Não havia a possibilidade de sobreviver apenas dos palcos. Fazíamos por amor á arte. Levávamos o Delorges e o nome da cidade para vários lugares do Brasil", lembra Paulo Giongo, que dirigiu a maioria dos trabalhos.

Além de diretor, Giongo atuou muito como ator e não esquece de algumas histórias daquela época. "Havia muitas situações inusitadas. Em Carazinho, por exemplo, faltando cerca de 20 minutos para iniciar a apresentação, o ator Gildo Flores caiu do alçapão e bateu a cabeça. Ele foi levado ao hospital e ficou em observação. Como eu sabia todas as falas dele, não tive alternativa a não ser subir ao palco", recorda com emoção.

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