A obsessão de Bertolucci

Cineasta italiano consagrado por filmes como Antes da revolução e O último tango em Paris, Bernardo Bertolucci lança biografia

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Segundo ON

La mia magnifica ossessione ou A magnífica obsessão de Bernardo Bertolucci ou a história de um dos homens mais ousados do cinema europeu contada por ele mesmo no auge de seus 69 anos. Debilitado pelas décadas de completa e quase doentia dedicação ao cinema, o diretor italiano Bernardo Bertolucci chegou em cadeira de rodas à embaixada da França em Roma nessa quarta-feira (30) para o esperado lançamento do livro em que descreve sua experiência com o cinema.

Consagrado como um dos maiores do cinema italiano ao lado de Federico Fellini e Pier Paolo Pasolini - com quem trabalhou como assistente no início da carreira -, o cineasta promoveu a obra em uma entrevista coletiva cedida à imprensa mundial, na qual falou do conteúdo de La mia magnifica ossessione e, obviamente, dos pontos altos de sua trajetória que migrou da Itália para os Estados Unidos e rapidamente ganhou o mundo.

Conhecido pelo estilo ousado, marcado por movimentos de câmera sofisticados, roteiros inteligentes e a constante audácia na hora de fazer experimentações, Bertolucci tornou-se referência ao explorar dentro de suas produções aquilo que promovia a nouvelle vague na França, com diretores como François Truffaut e Jean-Luc Godard.

Além disso, desde cedo, demonstrou seu comprometimento com questões sociais e a atenção a temas políticos, como provou em Antes da revolução, seu segundo longa-metragem. Depois de traçar um caminho sólido no cinema italiano, o diretor criou possibilidades de atravessar o oceano rumo aos Estados Unidos, onde escreveu o roteiro de Era uma vez no oeste, clássico de Sérgio Leone e um dos filmes mais importantes da história do cinema.

Uma vez na América, fez O último tango em Paris, considerada sua obra-prima. Polêmico por seu conteúdo explicitamente sexual, o filme protagonizado por Marlon Brando escandalizou o mundo e colocou todas as atenções em seu caminho, ficando próximo da chance de ganhar um Oscar como diretor.

A possibilidade retornou em 1987, ano de lançamento de O último imperador. O resultado foram nove estatuetas, entre elas a de melhor filme e melhor diretor. Demonstrando uma impressionante versatilidade sem que, no entanto, perdesse sua marca autoral, Bertolucci continuou explorando as mais diversas faces do cinema em filmes como Um chá no deserto, O pequeno buda, Beleza roubada e O céu que nos protege, esse último rodado no Brasil.

Em seu último trabalho, Os sonhadores, faz uma verdadeira homenagem ao cinema com referências a clássicos de seu tempo como Bande à part, Persona, Pierrot le fou, Acossado, Blow-Up, Scarface e Juventude Transviada.

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