Segundo ON
Criticar um filme intitulado Os Mercenários por se tratar de uma produção feita com o único intuito de ganhar dinheiro é, no mínimo, engraçado. Se a palavra se refere justamente àquele que trabalha ou serve por dinheiro, movido apenas por interesse pessoal e material, sem qualquer outro tipo de escrúpulo, e os personagens do filme seguem à risca essa denominação, por que deveria ser diferente a intenção da equipe de produção? Se não foi somente para lucrar nas bilheterias com o indiscutível apelo da combinação do elenco e as intermináveis cenas de ação, Os Mercenários é então uma inconsequente tentativa de reviver em pleno ano de 2010 um estilo de filme que já era duvidoso nos anos 1980, mas naquela época fazia mais sentido e, não se pode negar, encontrava seu lugar.
Difícil de agradar até mesmo os adoradores de filmes de ação tipicamente oitentistas, o longa roteirizado, dirigido e estrelado por Sylvester Stallone cumpre aquilo que se propõe a fazer, mas parece que hoje em dia isso já não é o suficiente. Em pouco mais de 100 minutos, um exército inteiro é metralhado, centenas de explosões são detonadas, conspirações são desbaratadas e combates individuais são mostrados, sem que, no entanto, aconteça aquela mágica de antigamente. Até porque, passados 30 anos, alguns dos temas abordados no filme tornaram-se batidos clichês. Como questiona o crítico Érico Borgo, "Líder do narcotráfico? Ditador de país latino? Garota durona em perigo? Missão contra todas as chances? Está tudo lá, bem amarradinho e sem qualquer pretensão, senão há de voltar a uma época mais simples do cinema".
Nessa tentativa, Stallone reúne o verdadeiro "time dos sonhos" para encarnar os mercenários. Dolph Lundgren é o descontrolado Gunner, enquanto Jason Statham é o especialista em facas Lee. Já Jet Li, um anão no meio de tantos gigantes, é o interesseiro Ying. Mickey Rourke, no melhor estilo Mickey Rourke, faz o tipo bizarro: é um tatuador motoqueiro. O canastrão Eric Roberts, como sempre, é o vilão, um ex-agente da CIA aliado do ditador Garza. Como se não bastasse, estão lá ainda Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis - onde também estariam Steven Seagal e Jean Claude Van Damme, que desistiram a tempo da participação. Assim, alvo de toda sorte de críticas, o filme não deixa de ser uma compreensível viagem nostálgica de gente que teve seu auge exatamente nesse lugar. E quem nunca teve vontade de voltar?