Segundo ON
No poder do maior e mais desenvolvido país latino-americano desde 2003, considerado o homem do ano de 2009 pelos jornais Le Monde e El País, uma das 50 pessoas que moldaram a década segundo o britânico Financial Times, provável candidato ao Prêmio Nobel da Paz em 2011 e o líder mais popular da história do país por questões indiscutíveis. Pode parecer estranho pra você, brasileiro, mas é esse o Lula que o resto do mundo enxerga, e por isso que ele é a pessoa certa para protagonizar um filme que represente o Brasil no Oscar do ano que vem. Independente de sua atuação como presidente ou da qualidade da produção, mas simplesmente porque é o que se pode chamar de um personagem com uma daquelas histórias que renderiam um bom filme de ficção.
Deve ser essa a opinião da comissão que elegeu Lula, O filho do Brasil para representar o país na disputa por uma das vagas entre os concorrentes ao prêmio de melhor filme estrangeiro na próxima edição do Academy Awards. Disputando com outros 22 longas, o filme de Fábio Barreto gira em torno de um dos homens mais controversas do Brasil, figura que já esteve no lado dos desacreditados e até mesmo ridicularizados, mas passou para o lado dos vitoriosos ao conquistar cargo na presidência, o que também não o livrou de ser criticado e dividir opiniões ainda hoje, próximo do fim de seu segundo mandato. Peça-chave na mudança de visão do país de fora para dentro, a influência de Lula pode funcionar também no Oscar, tirando o foco do contexto das favelas cariocas e o reposicionando em um personagem forte independente dos erros e acertos, numa trama repleta de momentos de emoção e superação - ou seja, tudo aquilo que Hollywood mais quer ver.
Apesar de gerar ferrenhas discussões por todo país, Lula foi aceito de forma unânime pela comissão que escolheu o filme. "Levamos em consideração o Brasil. Esse filme reflete um pouco a nossa vida. Lula é uma estrela dentro e fora daqui", declarou o cineasta Roberto Farias, presidente da Academia Brasileira de Cinema. Questionado sobre a hipótese de um viés político na escolha, rebateu: "O filme está feito e já passou pelo crivo de todas as críticas neste sentido". A produtora Mariza Leão completou com veemência. "Nosso partido é o cinema brasileiro. A escolha em momento algum pensou no momento X, mas em um filme para representar o país com dignidade".
Baseado no livro homônimo da jornalista Denise Paraná, que coassina o roteiro, Lula, O filho do Brasil percorre sua trajetória desde a infância, saindo de Pernambuco em 1952, com a mãe interpretada por Glória Pires e os irmãos, rumo a Santos. Em São Bernardo do Campo, então interpretado pelo estreante Rui Ricardo Diaz, torna-se operário sindicalista e inicia a vida política. Assim, o foco da história está no indivíduo Lula, numa abordagem emotiva que coloca em primeiro plano suas relações com três importantes mulheres - a mãe Lindu, a primeira mulher Lourdes, que morreu grávida de oito meses, e a segunda, Marisa Letícia, que o acompanha até hoje. "Gostaria que a figura de Lula influenciasse, sim, a Academia. Nesse sentido, seria ótima influência política", defendeu a cineasta Tata Amaral, referindo-se à possibilidade de ampliar a visibilidade do cinema brasileiro graças ao carisma do presidente.