Quem inventou os clássicos?

Oficina literária promovida pelo Sesc investiga traços da literatura de invenção em clássicos de Manuel Bandeira, Mallarmé e Machado de Assis

Por
· 1 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Segundo ON

"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver, dedico, com saudosa lembrança, estas memórias póstumas". Se o romance de Machado de Assis terminasse em sua primeira linha, já então seria digno do título de genial. Ao colocar narrador-personagem do outro lado, no incógnito território do além, faz das Memórias Póstumas de Brás Cubas uma narrativa em moldes até então inéditos, um perfeito exemplo de literatura de invenção. Além do enredo revolucionário, de certa maneira contado de trás pra frente de um ponto de vista inesperado se levarmos em conta que a história gira em torno de um morto, o livro ilustra ainda a tendência do "leitor incluso" que se iniciou a partir daí, quando escritores passaram a jogar com a possibilidade do diálogo com o leitor, não apenas como um vocativo, mas dando a ele vida própria e contornos no interior do texto.

Sobre esses e outros clássicos que inventaram novos padrões utilizados ainda hoje é que Ronald Augusto veio falar em Passo Fundo neste sábado, na segunda parte da oficina literária promovida pelo Sesc dentro do projeto Encontros Literários. O curso pretendeu debater estas obras que criaram novas tendências e que continuam a influenciar a produção atual, revelando as características que fizeram destes clássicos obras inovadoras, precursoras e capazes de ampliar a visão de mundo dos leitores. Além de analisar Machado de Assis a partir de Memórias Póstumas, o poeta Mallarmé e sua obra situada mais no tempo que no espaço, e a experimentação sob a máscara do lirismo de Manuel Bandeira, a oficina compreende ainda a poesia concreta e a redundância como base da nova informação, encerrando com a função do campo visual na poesia contemporânea.

Gostou? Compartilhe